sexta-feira, 8 de novembro de 2013

CVIII


...
é noite embaixo do seu olho que eu olho esquerdo
ainda esqueço até que a metade de mim que supor em você
eu acreditei se desfez hoje só se parece a solidão de arpoadores
eu que não caminhei o suficiente tendo aos ouvidos suas músicas
nos bares antigos da cidade mais nos escondíamos
como em álcool amor e em incêndios tais os que tínhamos
ao almoço em escadarias em nossa casa éramos velhos cães famintos
um do outro não tivemos a mais mínima compaixão um com o outro
quando um pouco mais sóbrios nos deixamos pra trás para respirar
sob seus tornozelos erigia tempo édens e veneno eram seus tornozelos
ou respirar é tarde feriados despedaçados em azulejos não nos reconhecemos
como seguimos cada um por si ou não mais iríamos a nenhuma parte
e ninguém vai ler isso tudo ninguém além do portão descascado
e fim disso “e fim disso” encomende uma novena pelo fim disso
nunca mais tem caído a noite por aqui além de pequenos grilos
eram as ondas do desarranjo do cabelo que embaraçava
em seus ombros e nos meus ombros fantasmas feito um manto
nutrimos esses demônios de seda e lençol não tem mais valia volta
embarcações de totens resolveu ferir  toda a lei hipócrita inaudito
outro herói feito de sombra invisível aos vigias e aos pontões das cidades
não houve paisagem suficiente entre os dedos para se parecer com música
e por isso vai se esticando o que se escreve e vão descendo seus véus
o tempo vai vir cobrar nossos calcanhares apagar os seus cabelos
areia nos tênis é noite uns poucos moradores locais com medo nos alertando
do mar agitado sobre algum perigo entre os rochedos pontiagudos e os mexilhões
você nem deu ouvidos atirando sua blusa em minha direção
saiu correndo contra às ondas da praia com os seios desnudos
rindo no claro-escuro misturada entre trêmulas estrelas ela
está em casa eu estou sempre esperando esperando dentro de um ônibus
...
não arrastaremos mais de julho alguma promoção para são paulo
não vamos mais ouvir em seu velho mp3 chiando bandas obscuras
não arrumo mais a roda de sua bicicleta a carrego sobre escadarias
nem me deito mais no sofá dos gatos debaixo do sol e suas pernas
sobrando em meu colo ou reclamo da pia imunda seus vizinhos presumidos
seus estoques de vodka  acabaram as competições de quem come mais mini chiken
sem dividir com dedos entrelaçados uma sombrinha até a enseada  e quem é que sabe
como termina ata-me? não se colhe mais
flores de asfalto
...