domingo, 9 de fevereiro de 2025


Memória Mãe das Musas


Enquanto vive

Se encha de alegria

Vida breve

Porque Tempo 

Cobra um fim 






https://youtu.be/Cm1aPxOORrs?si=zaKKLV15_OqUGynw

https://revistamododeusar.blogspot.com/2014/05/epitafio-de-seik

ilos.html?m=1







quinta-feira, 30 de janeiro de 2025


borbotão

as luas em tua pele despem esguelhas tais metais como suores-ócios possíveis consegues constelar toda alacridade firmes calhaus de véus vermelhos visgos vigos ao entardescer todos os ah! helenas que te compõe os seios estivadores conduzindo as carnes do fogo de doze sóis kinich ahaus tonatiuhs apu intis akhenaton e nefertiti rás de rá entre adornos de mur-ais em tua pele verões sem nunca esvair tais pares em mim sempre lhe defraudam de braços de grosseiros brutamontes mais ahs! quando beijas e largas os lábios abertos nas águas os lagos entrepernas vitríolos gotejam das sombras quando se despe penumbras rutilantes destradas d'óleos infindos celeuma dos sentidos frestas festas de prata e marfim elísios entre asfaltos e flores de enxofre enlevos em meio a lentos lenços lençóis de areias com ganges eternos onde não há corpos que lavar tornados iluminuras de espumazul contra céus de alúmen luminosos como noites róseas flúmens de fluídos quentes ferventes como o gelo dos pólenes a novastars explodindo ouros fúcsias tuas saias diamantas nos detalhes de anseios já paraísos não mais exéquias sem babéis tua língua clara dos sinos de sins ramos mais elevados das maçãs também do rosto fino flau aniz sem anos infindo altos gerifaltos além atrozes tornados no ar albatrozes livres coleios de najas cujos venenos mais doces que os vergéis de peiotes velozes vênus nas veias aurora verdes nos líquens combalidos siderados finalmentes impérios de afélios derrubados salvestrelas soar e suores destrelas folguedos de alfaias em pratas rutilantes após poucos passos o paço de nimbus carregados presentes perpétuos eros faz calar todo oráculo o som-nho e sumo e sumos novamente sem babéis tua língua clara dos sinos de sins


quarta-feira, 29 de janeiro de 2025


Poema das obviedades I - V:

melô do humano

"É perigoso despertar

as pessoas dos seus sonhos"

(frase de para-choque de caminhão)


uma pessoa sincera incomoda muita gente

uma pessoa sincera e com alguma inteligência incomoda incomoda muito mais

uma pessoa sincera e com alguma inteligência incomoda muita gente 

uma pessoa sincera com alguma inteligência e dotada de um bom coração incomoda incomoda incomoda muito mais

uma pessoa sincera com alguma inteligência e dotada de um bom coração incomoda muita gente

uma pessoa sincera com alguma inteligência e dotada de um bom coração se alcançar popularidade será perseguida e crucificada


 

amódio


qd as pessoas

se apaixonam 

ou te amam

(e todo amor

tem mais a ver

com as idealizações

do próprio amante

do que com o

sujeito real

que coube -

sabe-se lá pq -

no idealizado

uma ilusão 

de fato

um circuito 

fechado)

e não conseguem

o que foram buscar

(seja lá o que for)

triplifica ao quadrado

ao cubo ao infinito 

o desejo profundo 

de te verem matado


domingo, 26 de janeiro de 2025


Lírica


Não conheço posição

Ou associação

Em que não seja sempre

Estrangeiro

Sou estrangeiro

Sempre estrangeiro

Estrangeiro em qualquer lugar




vi vi vi - 

 Che Vuoi?




poema das obviedades - CVI


flowers die in cosmic space


poema das obviedades - XXXI

"Nothing mundane is divine;
Nothing divine is mundane"

(marianne moore)


só gente ferrada co´a vida pode propor/fazer alguma arte

gente adaptada só produz estalinhos de entretenimento

traques bombinhas biribinhas track tracks mixurucas 

arrotos diários em massa como numa linha de montagens quantidade

no picture is made to endure nor to live with but 

it is made to sell and sell quickly

rápido instantâneos nada estranhos normaloidiotas de covardes UFOs de cortinas de fumaça toddy todo dia mummmmy mommy sugar daddy

verde-amarelo-azuln@zi-de-morango rosa deusbençôa e chocolate docinho facinho kawaii sorri 

para o alegramento das multidões dos igualmente vis vãos uowa! e tititi 

& tititi $<3 (★^O^★)


sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

 

A letter to a young person

(I should write this in nihongo. But my english is less horrible than my nihongo. Hountou ni sumimasen!)


Blaming others because you are in love is completely stupid.

Others just like you and everyone else are just living inside a particular mind.

People NEVER, NEVER know what is inside another person's mind.

NEVER blame.

You never know what someone else is going through. Everyone you meet is fighting a battle you know nothing. You never know the serious difficulties someone must be strugling with (especially those who live in poor countries).

Again: the other just exactly like you and everyone else is someone living inside a particular mind AND WILL NEVER see things (or the universe) exactly like you do.

Each human being is an entire different universe from others. 

Don't blame, don't attack. Don't play games or you WILL create confusion and you WILL loose all.

Blaming others for the loss of control love creates is what men have been doing against women since the beginning of times, for example (and women can do it too). This disgusting atrocity. Please try to study about Feminism and the history of mankind: it's totally important for everybody.

If you really like someone and the person like you too just GO NOW try to live together. Do NOT waste a second doing any other thing.

Especially important: try to create some form of COMMUNICATION. Without direct communication love will NEVER happen don't matter HOW STRONG it is for the people involved.

NEVER feel ashamed for things you don't know. "A perfect education", "perfect parents" these things do NOT exist. Everybody have lacks of knowledge in some aspects. There is no such a things like "a perfect person". Everybody have limitations. But we can learn together.

(Sorry for my bad english).


Gambatte kudasai!



segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

 

Q bom é o desbunde

De aproveitar as férias

Depois duns passeios legais

Muito Bloodborne tb (remasterizado e pirateado pela/com a boa & alegre comunamiga - algo como os merry men de Sherwood (dividam a madeira!), os parça - salve, Diego e tantos outros!)

Trombar uns quebrada das antigas pelo interior de sp

E também praticar a boa e necessária arte da 


DIATRIBE


(mei sei shonagon tá o bagui)

Fiquem atentos, camaradas

Talvez role mais

Se sobrar tempo enquanto também bolo

uns sons novos


amanhece; e isso nunca é pouco



carpe diem, diziam et di zem


stay tuned







sem gomen 

para gouman:

gomi

傲慢

Se tem algo

Que todo 

Praticante

De budô

Sempre soube

Há milênios

Desde a Índia antiga

Desde África 

Sempre precisou saber

Ora bolas

É: lidar com a raiva

Que também envolve

Descer a caralha

(Mesmo que a simbólica apenas

Obviamente)

Em quem precisa

Enxergar o limite


& Salve, Rinzai!




  Mas, claro, que os brancos psicanalistas sabem melhor sobre isso. Inclusive quando confundem o kitsch que regurgitam de suas colônias (colônias também de pensamento) com as culturas que ajudaram/ajudam a destruir. Aí ensinam o que é candomblé para o povo de santo. $nsinam o que é o budismo para os budistas. Declaram que "o sexo transcende o nirvana". Ensinam o que é o nirvana para os Budas. Precisam "eliminar a concorrência". Nem um baseado pode. O homem branco, seus mandatários, é quem sabem Tudo. Sempre. Mesmo que se declarem não religiosos, ateus, são, na realidade, os eternos missionários (assassinos) de Deus. Será esta uma questão sócio-histórica &... inconsciente? (Sou também ateu, heterossexual, e lido como branco. No entanto, tento procurar pesquisar sobre o que posto em redes sociais e falo por aí). Não têm nunca noção da própria arrogância, do próprio completo ridículo.

  Tentar apreender o real completamente (S2 - a; ou melhor, quem sabe, seria: $2 - a), por exemplo, dizendo uma asneira como "o sexo transcende o nirvana", psicanalista pagando de discurso universitário, ditatorial, alguém que nunca deve ter feito um retiro de zazen na vida, só irá causar angústia para si e revelará a incompetência do sujeito, prepotente. Nada diferente dum obsessivo precisando mensurar a "eficácia" da psicanálise com suas réguas autoritárias e visões limitadas, no delírio de uma ciência que fosse absoluta (ditada por Deus?). Isto é, para simplificar sem lacanês: vai dar merda. 

Gasshô.



sábado, 18 de janeiro de 2025


THE PATTERNS


Erinna is a model parent,
Her children have never discovered her adulteries.
Lalage is also a model parent,
Her offspring are fat and happy.

OS PADRÕES

Erinna é um modelo de mãe,
Seus filhos nunca descobriram seus adultérios.
Lálage também é um modelo de mãe,
Suas crias são gordas e felizes.

(e. pound, trad.: dirceu villa)





poema das obviedades - V


a arte só existe porque há insatisfação com a realidade

o contrário de "entretenimento" "conformismo" & "exército"

um bobo alegre boneco de carne

ou cínico covarde egoísta e obediente

(afora outras possíveis variações) 




mais sobre obviedades (ou o que deveria ser) -


arte NÃO é esporte nem nunca será.


até poucas décadas, enquanto ainda reverberava mais a contribuição do punk rock, músicos evitavam excesso de técnica para se manterem fiéis a aspectos como atitude, visão crítica, etc. característas tão ou mais importantes do que saber formar acordes com precisão ou saber dedilhar perfeitamente um violão. lembro dum projeto dos mais interessantes que já pude conferir de artistas japoneses que montaram uma banda sendo que nenhum deles jamais havia adquirido qualquer conhecimento formal a respeito de seus instrumentos. intuição quase pura, algo realmente inovador. kurt cobain dizia que evitava estudar música para sempre poder dar mais ênfase ao feeling, à sinceridade da crueza punk. 

o rock and roll de maneira geral foi a grande oposição da música popular à concepção da música erudita. "roll over beethoven", diria o grande chuck berry.

curioso como, por exemplo, artistas como jeff buckley nos anos noventa foram eclipsados, pois, tecnicamente, ele foi o melhor músico e o melhor cantor de sua geração. 

a ideia de que obrigatoriamente se deve ser o melhor em nível técnico é velha e completamente fascista. só em tempos como estes em que vivemos atualmente, de ascensão do pior do pior do nazifascimo (que, aliás, em muitos sentidos, é uma teoria estética),  em todo mundo, se poderia cogitar um atraso desses. as grandes contribuições da arte moderna e das vanguardas, que foram alvos dos nazistas nos tempos da segunda guerra, tendem a ser apagadas. trata-se de mais um dos atestados de que o capitalismo triunfa totalmente. de que nada que realmente contenha uma alma mereça existir, pois o ter vale sempre mais do que o ser para o sistema. 

existem razões políticas muitíssimo claras para que certos artistas jamais tenham seu trabalho amplamente divulgado. só pode triunfar quem não oferece qualquer perigo ou que seja um completo imbecil. uma das propagandas mais fundamentais da mentalidade reacionária é fazer crer que devemos ignorar a política. embora absolutamente tudo na vida do ser humano envolva a política, mesmo que os cidadãos, sobretudo os mais abastados, mais tranquilamente possam ignorar tudo isso.

sempre achei que tais compreensões fossem óbvias. definitivamente não são. estamos atravessando um período conturbado e muito obscuro. e uma das armas principais do sistema é manter todo mundo acreditando que está tudo bem. que sigam sendo um bando de egoístas, individualistas. que se preocupem apenas com a subsistência, com o mais básico do básico, como qualquer animal que só se preocupa com alimentação e algum conforto, jamais com refletir e criar beleza artística. beleza para além do óbvio e do tempo. qualquer animal sabe acumular para ter seu sustento, qualquer animal pode dominar o conceito de "lucro". apenas o ser humano pode ir além da mediocridade do mero material. tudo deveria ser muito óbvio, mas padeço desse defeito grave de ter demorado demais para perceber o que estava acontecendo. estamos em tempos em que as pessoas voltaram a discutir se a terra é plana e se arte é esporte, duas idiotices que se equivalem

a concepção de que sempre caminhamos para frente num eterno movimento de evolução da ciência e dos costumes é a mais pura balela. vivemos uma época de imenso e considerável atraso.

arte NÃO é esporte nem nunca será. 

e ideais de "pureza", "limpeza" ou "perfeita perfeição" são papo pra boi dormir. não raro geradores de concepções higienistas, tais como as de um certo alemão, pintor clássico frustrado, que se envolveu com o poder e passou a ser chamado de "líder".






quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Poema das obviedades - 

VIII (Lacanianas)


Você pode até bem saber

O que escreveu 

O que disse

O que tentou expressar

Do mais profundo

Das entranhas 

Mas nunca 

Nunca sabe 

O que o outro escutou


A verdadeira traição 

A traição de fato

A traição imperdoável 

É trair a si mesmo


Os amantes por mais que tentem jamais farão um


Cada um que se vire

Com seu próprio desejo

Se responsabilize

Melhor o reconhecimento 

Do próprio desejo 

Do que a eterna repetição 

Infantil e inútil da busca 

pelo reconhecimento dos outros


Há algo em outras culturas

Como a japonesa, por exemplo, 

talvez jamais analisável 

Os japoneses (antigamente, 

qd de fato eram japoneses)

Nunca pedem 

Nunca pedem para serem servidos 

Muita grosseria 

Sempre o outro que serve o convidado

Do contrário permanecem em silêncio 


Ilusão de que não somos todos, afinal, completamente solitários

Aprisionados num "eu" com nossos mundos mentais


A certeza é o terreno da fé

Mas ainda restam dúvidas

A certeza absoluta é a posição do paranóico


Amar é dar aquilo que não se tem



se o zen fosse a morte absoluta dos pensamentos e dos sonhos não haveria tanta literatura... zen. e a poesia e tantas outras artes orientais não teriam nascido justamente nos mosteiros.

as pessoas seguem achando que budismo é o que elas leram por intermédio de sabe-se lá quem e não algo vindo do outro lado do planeta. tal incompreensão e preconceitos também são de responsabilidade dos "mestres eleitos", que, no geral, apenas espelham os clichês do que seus alunos querem ver num professor. talvez os professores mais populares por aí não sejam os melhores. algo que se aplica também à produção artística e a tantas outras áreas. "a voz da maioria" nunca é a voz de deus, todo grupo é narcísico e punitivo com o diferente; a maioria, na maioria das vezes, está chafurdando no erro e nos preconceitos.

gasshô.




segunda-feira, 13 de janeiro de 2025


poema das obviedades - XII


zazen não é sentar e saber

zazen é sentar e só ser

o imperador que se achava e se dizia grandioso budista perguntou a bodidarma "quem é você?"

que respondeu: "eu não sei"

e partiu


comentário: os ocidentais não entendem isso até hoje. os grandes (e, não raro, endinheirados intelectuais herdeiros de kant) estudiosos. não há amor maior do que apenas ser. quem sabe?





poema das obviedades - IX

(primeira versão)


Sempre há algo que não se sabe

Sempre há algo de não saber

Nunca falta nunca faltará 

para ninguém 

em todo universo 

algo que não se sabe

Ridículo e triste 

Talvez sobretudo ridículo 

Quem-tudo-sabe

Toda e qualquer religião 

Psicotontos tentando

Encaixar pessoas 

tão diversas em suas teorias

Todo preconceituoso 

Horroroso cheio de ideias

Certas de quem é o outro 

E o que deseja o que deveria 


Sempre há algo que não se sabe

Sempre há algo de não saber

Nunca falta nunca faltará 

para ninguém 

em todo universo 

algo que não se sabe



Sempre há algo que não se sabe

Sempre há algo de não saber

Nunca falta nunca faltará 

para ninguém 

em todos os universos 

algo que não se sabe




quarta-feira, 8 de janeiro de 2025





Bastante satisfeito com a felicidade coletiva gerada pela vitória do Globo de Ouro de Fernanda Torres, uma das maiores atrizes que o país já produziu. Ela que também atuou em "O que é isso, companheiro".

A película transmite muito bem a atmosfera e sensações do que foi o período completamente nefasto da ditadura empresarial-militar, mesmo que apenas do ponto de vista de uma família abastada. Retrata o tipo de coisa que aconteceu com muitas pessoas à época. Tempos de horrores, cujos agentes nunca foram punidos, e que alguns clamam que retornem. E infelizmente os mecanismos de embuste para que algo assim seja possível já estão sendo instalados novamente. Um  exemplo: mister M. Zuckerberg em seu anúncio de que sua plataforma de mídia social não terá qualquer filtro para conter espalhamento de notícias falsas em massa. Tudo em nome da falácia que chamou de "liberdade de expressão", que na verdade significa esconder fatos, esconder a história e dar livre circulação a mentiras (da mesma maneira como antes e ainda hoje escondem cadáveres). Tudo por dinheiro e poder, as velhas pautas preponderantes de nosso sistema. Num contexto assim, obras como a baseada no livro de Marcelo Rubens Paiva, ganham ainda mais importância.

"Ainda estou aqui" é um filme muito bom, indicadíssimo para quem quer começar a entender o que de fato foi o período que fez parte do que gerou os nossos tempos atuais. Suas conquistas são também algo que beneficia o combate às atrocidades impunes cometidas no passado, que sinalizam cada vez mais quererem retornar com toda força. Mostra como viver no Brasil com consciência de nossa realidade, ao contrário de outras pessoas amortecidas e/ou vis, segue sendo um conjunto de lutas necessárias, entre elas a batalha perene pela memória.




*ps: o sistema do blogger bloqueia o acesso ao vídeo acima caso se esteja utilizando determinados tipos de vpn. caso o leitor queira acessá-lo, infelizmente, o recomendado é desativar sua proteção (hoje item completamente básico).



domingo, 29 de dezembro de 2024

 


桜梅桃李 oubaitori

cravou no velho 

pequenino ofurô 

não apenas renovar

renovar renovar

and a happy new year 








domingo, 24 de novembro de 2024


Isto NÃO é Uma Tradução 

(de matsuo bashô)


ba xô

o mar cor da noite

as vozes dos patos são

vagamente brancas




sexta-feira, 25 de outubro de 2024



tanka para ono sensei


um senhor idoso

apoiado em sua bengala

adentra o dojô

vagarosamente nô

tatame um kami se move



quinta-feira, 24 de outubro de 2024


poema das katanás (19)


o embainhar já

podendo desembainhar

as facas da lâmina 

na altura da garganta

do oponente 

kamae com o peso

no centro 

movimentos circulares

como os astros

...





domingo, 29 de setembro de 2024

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

 

não está claro

(poesia sugestiva

pré-além-

impressionista)

se o macaco

apoia-se numas

árvores em 

montanhas

ou se agarra 

nuvens voadoras

no céu enquanto

tenta colher a lua

nos espelhos 

do lago

teria hakuin 

acrescentado:

se ele apenas

mergulhasse



segunda-feira, 23 de setembro de 2024


não está claro

(poesia sugestiva

 pré-impressionista)

se o macaco

apoia-se numas

árvores em 

montanhas

ou se agarra 

nuvens voadoras

no céu enquanto

tenta colher a lua

nos espelhos 

do lago

teria hakuin 

acrescentado:

se ele apenas

mergulhasse




sexta-feira, 20 de setembro de 2024

quarta-feira, 11 de setembro de 2024


algo extremamente inventivo e inovador como a poesia concreta por exemplo foi possível num momento de novas liberdades num período de alívio após guerras hoje levando em conta o tamanho do retrocesso só é possível ser o mais óbvio e direto formalismo para mimados e estúpidos whatever nobody cares






quem está bem

em tempos como estes

em tempos como estes

é sem quaisquer 

quaisquer dúvidas

um nazista ou completo

idiota




sexta-feira, 30 de agosto de 2024



(Quando a soma dá em sumiço a sombra)



gato-cinza-escuro-

sob-o-sofá-cinza

-escuro-sob-a-faixa-

de-luz-do-sol-some







 

gato cinza escuro

sob o sofá cinza

escuro sob a faixa

de luz do sol some



quinta-feira, 29 de agosto de 2024


tanka para ono sensei


um senhor idoso

apoiado em sua bengala

adentra o dojô

vagarosamente. no

tatame: um kami se move.



segunda-feira, 19 de agosto de 2024


Como atrair atenção para um poeta?


R:

Diga que acabou miserável, passando fome e morreu atropelado numa sarjeta.

A playbostada 

vai adorar.




A voz do povo

Não é a voz de Deus

A voz do povo

No nosso sistema

Infelizmente

É a voz do patrão

Que se impõe 

À força da mesma

Maneira como um

Senhor de escravos

E há explorados

Que se apaixonam

Pelo patrão 

E o sonho do oprimido

É tornar-se o opressor

E Dante e Safo sempre serão 

Muito mais preciosos do que 

A Praça é Nossa 

E muitos grandes intelectuais

Psicanalistas e mestres zen

São apenas grandes idiotas 

Charlatões ou malandros

O aquecimento global existe

A pandemia aconteceu

A vida não possui propósito

Muito menos sentido

E apesar de tudo

É a vida é bonita

E é bonita

domingo, 18 de agosto de 2024


ave, cioran

Todos (medíocres e igualmente feitos de carne) acham que podem salvar o outro. Com amor, moral, sabedoria, etc. Todos, se acham, de alguma forma, superiores. Mais. Mais esclarecidos, mais inteligentes, mais amados, mais capazes de amar, mais bondosos, mais humildes, mais fodidos... Mais lidos. Mais. Melhores do que o outro. Eis a raíz, maior, de todo mal. Do mal mais profundo.



quinta-feira, 15 de agosto de 2024


Música Estranha


Não sabem

Quem lobo quem

É ovelha quem são 

De onde para

Que?

É só tacar

Jesus

Pobre

Coitada

Em tudo

O outro 

Que outro?

Não existe

E as ovelhas

Elegem 

Os lobos

A banca

Da do boi

Da bíblia

Da bala

O matadouro

O açougue

Sempre

Sai

Ganhando 

E dá-lhe

Queimada

E tolos

Os touros

O ouro

Contra

O vermelho

Sanguíneo

E Todo 

Mundo 

Está 

Feliz

Aqui

Na terra

Todo 

Mundo

Odeia

O Chris

Enri

quecem

O branco 

Ideal

Alpha

Pompa

Livre

Assassino 

Não só

De índios

Genocidas

Governam

É o pai

E gozam

O país


quarta-feira, 24 de julho de 2024

 




a vote for Bart

is a vote for 

anarchy!


a vote for Bart

IS a vote for

Anarchy!





















sexta-feira, 5 de julho de 2024



antes de darumá


antes de darumá

havia o velho índio

norte-americano


que nomeou kwai

chang caine 

(com quem 


o paulo leminski

até se parecia)

de 


great

swallow 

of silence










sexta-feira, 28 de junho de 2024


Só não crê

quem p$de

(sobretudo, quem P$de)

É OQ

OS CANALHAS 

SABEM

Muito bem




terça-feira, 21 de maio de 2024





Round 1: Cioran


Não leio Cioran procurando verdades. Me diverte. Seu pessimismo é espirituoso. Causa alguma catarse. Contraditoriamente (pois se trata de alguém que escreve sobre as possíveis vantagens do inanimado), cheio de vida. Compreendeu muito melhor a tradição oriental (pela qual demonstrou bastante interesse) do que seus antecessores, Schopenhauer e Nietzsche. Muito por questões de tempo, geração. Perceptível em seus escritos que foi afetado pela moda do zen na Europa, na passagem para segunda metade do século XX (que mais girou em torno do Rinzai, praticamente ignorando Dogen e a Soto). Hoje, o zen, e parte do melhor do budismo voltaram a ser ignorados pelos intelectuais ocidentais ou são novamente completamente mal compreendidos, retornando, assim, às prateleiras do orientalismo vulgar.

Notável a atitude, por exemplo, de psicanalistas famosos, hoje em dia, que possuem a total falta de vergonha de falar e escrever sobre conceitos que claramente não compreendem. 

Já há muito tempo existe a consciência de que foi necessário formular uma psicanálise nova, que, por exemplo, obviamente não utiliza mitos de origem greco-romana, para lidar com povos de outras tradições, outras construções imaginárias. Só no Japão, Heisaku Kosawa com seus estudos vinha discutindo estes aspectos mais ou menos desde a década de 20 do século passado. 

Mas, como se sabe bem, a autoestima e a completa estupidez da pessoa branca de classe média é abissal. Vivem com seus óculos em formato de umbigo. Falam e escrevem asneiras preconceituosas e julgam a todos porque se entendem como os possuidores da verdade, sobre tudo e sobre todos os povos. 

Vi uns tempos atrás uma completa idiotice sobre "o sexo transcender o nirvana", da parte de pessoa famosa e psicanalista (famosa inclusive por cobrar os olhos da cara por consultas). Como se fosse possível uma competição entre os dois termos. Como se fosse possível simplesmente pegar toda e qualquer tradição e colocar no mesmo lugar onde Freud colocou o monoteísmo judaico-cristão. 

Nunca tive muita simpatia por Jung, mas este teve alguma noção da complexidade do assunto, quando se tratava do pensamento oriental, e era, de fato, muitíssimo mais culto do que Freud. Diferente dos contemporâneos de agora, sem vergonha de serem preconceituosos e ridículos. 

Mas sucesso é medido, nos círculos dos psis, pelas conquistas materiais, financeiras, números de publicações, e não pelo cuidado com a elaboração de seus textos. Psi bom é psi YouTuber, nos dias de hoje. E podem falar qualquer asneira, a maior parte de seus seguidores e alunos nem vão perceber nada.

Mas voltando ao Cioran, que é o que de fato me interessa mais. Há passagens maravilhosas. Não vejo como não gostar dum sujeito que escreve sobre simplesmente deixar o satori de lado para seguir com seu passeio. Não demonstra uma ignorância ridícula e preconceituosa como no caso da pessoa que num gesto imbecil declara que o sexo transcende o nirvana. Como se o nirvana fosse (pasmem!) algum tipo de sensação especial. Como se o nirvana fosse algum tipo de... paraíso? Como se o nirvana fosse algo realmente a ser alcançado. Algum estado especial de êxtase que competisse com o orgasmo. 

Fora exibir que nunca foi pesquisar sobre as palavras que utiliza, (mas talvez só se basear no que escuta de analisandos financeiramente privilegiados que consomem o pior do kitsch?) a pessoa nem parece saber que no oriente se desenvolveram inúmeras  tradições (como o tantra e certas práticas taoistas chinesas e japonesas) que usam o sexo como forma meditativa, e que o estalinho mixuruca que o ocidental conhece como resultado de um coito nem se compara às profundas experiências de investigação sensorial dessas práticas. Em muitos sentidos (e Jung, novamente, parecia desconfiar disso em seu tempo) os pesquisadores ocidentais ainda engatinham onde não conseguem enxergar uma antiguíssima linha de pesquisa, cegos por suas epistemologias e preconceitos. 

Cioran parece talvez ter atingido a enorme decepção com o mundo que é necessária (a grande desilusão, o que os antigos chamavam de "a mente que busca o caminho") para adentrar as vias do zen. Ou simplesmente utiliza a ironia de maneira formidável. Porque contrariando o budismo de boutique e monges influencers digitais idiotas, um verdadeiro budista é alguém completamente desiludido deste mundo das formas, transientes, impermanentes. Não que obrigatoriamente a pessoa vá abandonar tudo, raspar a cabeça e se encerrar num monastério (e há vários exemplos de grandes praticantes leigos na literatura desde os tempos do fundador), você pode permanecer na sociedade e aproveitar de tudo que ela oferece (no ocidente só são populares as tradições Brahmacharyas, que negam a sensualidade, no entanto existem outras, opostas) mas internamente há uma profunda constatação de que nada, absolutamente, no mundo, conduz ao fim da insatisfatoriedade - a tradução mais precisa para "dukkha", pois Shakyamuni nunca falou a palavra "sofrimento".

No entanto, num ato de honestidade e consciência, consciência talvez de que pertence a uma outra formação, Cioran prefere seguir seu passeio. Cioran é muito mais budista (inclusive escolhendo não seguir os ensinos do Buda), do que certos mestres contemporâneos em seus trajes esvoaçantes, no ocidente do século XXI, num calor de 40 graus. 

A passagem é a seguinte:


"Enquanto passeava a uma hora tardia naquela alameda ladeada de árvores, uma castanha caiu aos meus pés. O barulho que ela fez ao rebentar, o eco que suscitou em mim, e um abalo desproporcionado trazido por aquele incidente ínfimo, mergulharam-me no milagre, na embriaguez do definitivo, como se já não houvesse mais perguntas, apenas respostas. Estava bêbado de mil evidências inesperadas, das quais não sabia o que fazer...

Foi assim que estive quase a atingir o sublime. Mas achei preferível continuar o meu passeio."


(cioran, do "de l'inconvénient d'être né", trad.: manuel de freitas)


segunda-feira, 20 de maio de 2024





another brick in the wall

provavelmente não muitas pessoas estão juntando sludge, jazz e noise com poesia concreta/sonora, bossa nova e música brasileira. elementos que para alguns e para certas sensibilidades, não deveriam combinar. mas é possível através da nossa boa e velha antropofagia. e existem, é claro, as formas e as combinações mais óbvias, muito mais digeríveis e compartilháveis - que não me interessam tanto. mas, há muito tempo e cada vez mais, não são as tentativas de invenção e originalidade que importam. definitivamente. ao menos não as mais radicais.
triunfa o mais do mesmo vendável para um público condicionado que nem mesmo sabe o quanto é condicionado. 

tudo é programado. 

& as pessoas ainda temem a inteligência artificial. já somos, todos, quase robôs. a máquina já venceu há muito tempo. 

sempre repito (nos últimos 15 - ou mais anos), o triunfo do capitalismo é total. as gerações mais novas, cada vez mais, não conseguem enxergar qualquer valor no que não produza grana e benefícios particulares. qualquer coisa fora disso é visto como coisa para otários ou completos lunáticos. 

o que escrevemos e criamos só chega a meia dúzia de pessoas. que no geral nem mesmo possuem muito tempo para conferir, ocupadas com seus afazeres e a correria cruel da sobrevivência.
triunfa a indiferença e o egoísmo no sistema atual (todos sabem, ou deveriam saber). as fake news sobre os novos hypes, as tragédias e as catástrofes. e as pessoas são cada vez mais "ludibriáveis", completamente fechadas em suas bolhas, no individualismo ("eu é que não tenho nada a ver com isso"; "cada um com seus problemas"; "cada um no seu quadrado"). 

nunca houve tanto acesso a informação E AO MESMO TEMPO a informação nunca foi tão controlada. 
"saber que não se sabe", o passo mais importante e fundamental para a aventura do saber é hoje algo não praticado, algo desinteressante. a maioria vive na mais profunda certeza, na fé mais inabalável. "só não se sabe fé em quê". 

provavelmente quase ninguém lerá esta nota. 
fora ser completamente impopular, meu conteúdo é bloqueado porque além de ser um underground sem cura também tenho a petulância de falar de política. no entanto, desde que comecei, sempre tive para mim, firmemente, que a derrota verdadeira seria obter qualquer reconhecimento que fosse por algo em que não acreditasse, que não fosse de fato a expressão do que sou e sinto. já toquei na noite profissionalmente. já recebi convites para todo tipo de projeto. já fui roadie de banda sertaneja (pra tirar algum dinheiro - e fui despedido porque não me juntava à equipe para rezar em grupo para "não ter acidentes durante as viagens e  apresentações" - hehe). conheço o outro lado e quero distância disso.

antes ser o monge louco que fala sozinho e compõe para o vento (uma tradição, aliás, na verdade bastante nobre, que inclui grandes mestres do zen antigo que muito admiro e nos quais me inspiro) do que ser apenas mais um, outro tijolo no muro - "another brick in the wall". sem qualquer noção do que de fato contribui para a real e completa destruição do planeta e dos valores que convencionamos chamar de "humanos". 

os moedores de carne jamais foram tão bem-sucedidos.

não estou sozinho em minha "derrota". estou do lado dos que considero os mais valorosos. fervo de orgulho e satisfação. 

& assim sigo.






sábado, 27 de abril de 2024


lá seieu de cônone, sô?

curto o som 

qisso faz



gosto de m. moore

& e. pound

o q não me impede

de também gostar

de poetas q preferem

descartá-los 

devoro o q posso

 

“AVEC ARDEUR”

Dear Ezra, who knows what cadence is.


I’ve been thinking–mean, cogitating:

Make a fuss
and be tedious.

I’m annoyed?
Yes; am. I avoid

“adore”
and “bore”;

am, I
say, by

the word
(bore) bored.

I refuse
to use

“divine”
to mean

something
pleasing:

“terrific color”
for some horror.

Though flat
myself, I’d say that

“Atlas”
(pressed glass)

looks best
embossed.

I refuse
to use

“enchant”
“dement”;

even “fright-
ful plight”
(however justified)

or “frivol-
ous fool”
(however suitable).

I’ve escaped?
am still trapped

by these
word diseases.

No pauses,
the phrases

lack lyric
force;
sound caprick-like

Attic Afric
Alcaic

or freak
calico Greek.

(Not verse
of course)

I’m sure of this:

Nothing mundane is divine;
Nothing divine is mundane.


(marianne moore)



você tamBÉM


coitado do in

divi

duo

obvia

mente

divid

ido


não possui

nada criâ

nçia

nem sua bú!

rri


ce

é 


sua

coitado do in

divi

duo

obviamente

divid

ido


não possui

nada criança

nem sua burrice

é sua

©



 "gloria in excelsis deo

et in terra pax hominibus bonae voluntatis"






gloria
in te domine
gloria
exultate!
oh lord 
if i had anything
anything at all
i'd give it to you


















.
.
.

Nota: Como poderia dizer Meister Eckhart: Deus, ou "aquilo que é", só é encontrável no mais profundo silêncio. Na mais profunda escuridão. Na total pobreza. Na doação completa. Doar tudo. Abandonar tudo, mesmo a noção do eu e a percepção. O ser surge onde não há ganho. Nenhum ganho. 

O capitalismo odeia a quietude. 
O capitalismo odeia o silêncio. 

Não suporta o que não possui um "sentido". 
Não suporta a ideia de uma fonte inesgotável de alguma satisfação, sempre livremente acessível a todos os seres. O capitalismo é anti-barato, anti-qualquer-iluminação.