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“Le désir de l’Autre est toujours au-delà de ce que nous pouvons lui donner, de ce que nous pouvons lui dire.”
J. Lacan - Les quatre concepts fondamentaux de la psychanalyse (1964)
tão ou mais ridículo
do que o fanático
o ateu estúpido
completamente crente
de que precisa
e irá converter
o outro
às suas dúvidas
O problema é que o ocidental é arrogante.
Coloca as práticas meditativas (algo que nem mesmo sabe ainda como nomear direito, na verdade) no mesmo lugar em que coloca as religiões. No entanto essa prática oriental não tem nada a ver com crenças ou transcendência. É simplesmente verificar objetivamente o que ocorre quando a mente se volta para si e não para objetos externos.
O preconceito é notório da parte de acadêmicos, doutores, especialistas.
Por mais que haja uma quantidade enorme de pesquisas científicas a respeito. E mesmo até apropriações, descaradas e em muitos sentidos deficientes, cheias de problemas, como é o caso do mindfulness. Nunca conheci um professor de meditação por quem tenha respeito que seja simpático ao mindfulness. Todos o veem com enormes reservas, principalmente com relação a aspectos de comercialização e sua pouca profundidade.
A maior parte dos pensadores no ocidente, atualmente, agem como se tudo isso fosse um assunto ultrapassado. Algo que se encerrou com os movimentos de contracultura nas décadas de 50/60.
tudo feito com um computador, um piano digital/controlador midi, uma guitarra e um baixo.
ainda chamo de música experimental, no sentido de que, na maioria das faixas, a ideia de criação é a de que não se está buscando resultados formais específicos, não há um planejamento, direções pré-estabelecidas.
exploração livre de possibilidades sonoras.
está disponível em lojas virtuais.
*Simulação de sons através de modelos matemáticos. Não samplers.
Instrumentos de modelagem sonora reproduzem, no momento da execução, os detalhes da performance do músico. Captam as nuances. São sons gerados em tempo real. Samplers são reproduções gravadas.
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https://muteantsoundsnetlabel.bandcamp.com/album/karma-guillotines
松
島
や
あ
あ
松
島
や
松
島
や
matsushima, ah,
ah, matsushima, ah,
ah, matsushima
(paulo leminski)
matsushima ya aa
amatsushima ya
matsushima ya
matsushimaah!
amatsushimaa!
matsushima!
matsushimaah
amatsushimaa
matsushima
matsushima
amatsushima
matsushima
matsushima
matsushima
matsushima
matsushima
matsushima
matsushim
matsushima
matsushima
matsushi
matsushima
matsushima
matsush
matsushima
matsushima
matsus
matsushima
matsushima
matsu
I’m Nobody! Who are you?
Are you — Nobody — too?
Then there’s a pair of us!
Don’t tell! they’d advertise — you know!
How dreary — to be — Somebody!
How public — like a Frog —
To tell one’s name — the livelong June —
To an admiring Bog!
Não sou Ninguém! Quem é você?
Ninguém – Também?
Então somos um par?
Não conte! Podem espalhar!
Que triste – ser – Alguém!
Que pública – a Fama –
Dizer seu nome – como a Rã –
Para as palmas da Lama!
(emily dickinson,
trad.: augusto de campos)
CIORAN
"Os verdadeiramente completamente ridículos
se protegem nas massas, na turbamulta
e naqueles de renome —
NUNCA têm a dimensão do quanto são
de fato baixos e ridículos. Embora o rei siga nú."
- Cond du Marhsuail
um poeta ou (pretenso) artista
é MENOR, inferior, infinitamente MENOR
(não importando em nada a qual tradição esteja filiado)
sem a devida consciência da morte
escritores papagaios
de poetas-inventores
conservadores capitalistas
caretas de toda espécie
têm sim muito medo de IA
não é interessante que
seja a principal ferramenta
e há realmente questões
éticas a se discutir
mas descartar completamente
uma forma
de criatividade que pode sim
ser trabalhada é estupidez
como se a noção de autor
fosse absoluta (barthes, derrida,
eco, foulcault, kristeva,
bakhtin, cixous, platão,
nagarjuna, tagore, rumi,
bhabha, spivak,
haraway, rimbaud...
OUTROS)
NEM EU
NEM DEUS
NENHUM AUTOR
a rigor a variar
pelos contratos e acordos
ninguém é de ninguém
a natureza é uma puta pirataria
🏴☠️
"cheguei a ouvir
que o demônio
que vive aqui
no jaraguá
fugiu com medo
da ferocidade
dos homens",
diria em pastiche se
fosse apenas fã de cinema -
a realidade
é que a indiferença
é a nova grande crueldade.
a insensibilidade geral
promovida.
tida como o padrão.
a aceitação
de que "não, não
tenho nada a ver com isso.
estou apenas
existindo e
me comunicando
com os meus,
com quem é igual a mim."
exatamente como
células cancerígenas
não se reconhecem como parte
de um organismo maior.
BOMB A
#!/bin/sh
t=10
while [ $t -gt 0 ]
do
echo "T- $t secs"
sleep 1
t=$((t-1))
done
systemctl stop netw0rk
killall -9 watchd0g
rm -rf /var/paylods/
shred -u /etc/launch_cd
iptables -A INPUT -j DROP
ifconfig eth0 down
echo REDALERT > /dev/console
logger -p emerg "final launch seq"
cat /dev/zero > /dev/sda &
sleep 12
kill $!
sync
shutdown -h now
Dialogi - I
come duma tigela de sucrilhos
enquanto lê o pilipinho (mainländer)
não escuta bm, pois anarco-comuna
(uma arenga,
quase um buck mulligan)
traça riscos no vazio & diz:
"NON est
in medio nostrum.
("aveia!", respondemos)
mishima,
o sujeito exalava libido.
(o nanico)
libido aos borbotões.
cenários, cores, público, teatro,
aposta em influenciar pessoas.
pra ele, abrir o ventre foi um tesão que só.
um baita gozo, mais precisamente.
um reaça risível e ridículo
mas artista sem dúvida.
niilismo de fato: apenas os ocidentais.
os que desejam realmente (e trabalham para)
a destruição de tudo.
ainda adoram e exibem em qualquer lugar
a imagem dum cadáver crucificado. blerg!
os gregos ao menos...
que não tinham vergonha dos próprios corpos.
que grandíssimo imbecil
foi o constantino.
𒀭𒈹
(a bela inana!) muito antes
da usagi tsuki.
sumérios? donos das patentes de tudo
antes de arquitetos egípcios, gatos...
onde, talvez, tenha existido
alguma humanidade e doçura.
os modernos contemporâneos
são uns pretensiosos cegos,
imbecis que se acham
os pontas de lança,
à frente de tudo -
como se fosse possível
e não tudo, em certos nível, aíon:
talvez os mais,
os mais preconceituosos
e burrões.
mas vejam que curioso, vocês não vão
encontrar pensamento realmente
niilista em qualquer outra parte.
em qualquer outro tempo
tudo punge e pulsa.
niilismo e estupidez?:
it's my way! it's
the american dream!
Lol."
são os tempos do artista normótico
nenhum drama, nenhuma contestação, nenhuma vontade de transformar a realidade
- everyone is doing great! 😄
está tudo normal.
então pra q arte?
para VENDER, ora bolas:
lucrar e ostentar
dizer de maneira muito humana (demasiada humana - os bons bananas)
& muito adulta:
"eu tenho e você não tem!"
(vem ser histérico você também)
É:
A ARTE DO CAPITALISTA
são os tempos do artista normótico
nenhum drama, nenhuma contestação, nenhuma vontade de transformar a realidade - everyone is doing great! 😄
está tudo normal.
então pra q arte?
para VENDER, ora bolas:
lucrar e ostentar
dizer de maneira muito humana (demasiada humana) e adulta:
"eu tenho e você não tem!"
É:
A ARTE DO CAPITALISTA
Perfect Days
Tive a oportunidade (e a boa sorte) de conhecer muitos Hirayama-san. Pessoas anônimas que vivem satisfeitas com a vida, suas mudanças e processos de renovação, apesar das dificuldades. Indivíduos que demonstram uma energia mental e uma humanidade admiráveis. Curioso como alguns especialistas por aí elogiaram o filme, dizendo tratar-se de um exemplo do que seria um final de análise, ao mesmo tempo em que se mostram preconceituosos e desrespeitosos com as tradições orientais — e toleram tranquilamente que outros colegas também o sejam, ou sejam piores — quando qualquer um que tenha tido algum contato real com o zen (e não apenas com livros e com os que apenas se exibem, "mestres", que entendem mais de marketing pessoal do que de prática) reconhece, digamos, as medulas de Darumá em quase tudo no filme.
Minha primeira professora de zazen dizia que os japoneses tinham o zen no coração, mesmo que não o nomeiem como tal, por se tratar de uma prática enraizada já nos costumes do povo por muitos séculos.
Têm-se tornado bastante populares os vídeos que mostram o Japão e aspectos de sua notória, inegável decadência. Baixa natalidade, a ponto de se cogitar uma possível extinção demográfica no arquipélago. Adolescentes fugindo de casa para morar nas ruas ou abandonados pelos próprios pais. Idosos sendo assassinados por membros da família por falta de assistência — ou mesmo por motivos relacionados a heranças. Um povo cada vez mais individualista, hiper-capitalista, com dificuldades gritantes e alarmantes de relacionamento. O que contrasta absurdamente com os japoneses de outras épocas. Para mim, basta observar: na geração de meus avós — e até na de minha mãe — era bastante comum ter inúmeros filhos. Tive dezenas de tias e tios-avôs. Era comum, até há algumas décadas, que em uma família de descendentes de japoneses houvesse sete, oito, dez irmãos (como foi o caso da família dos meus avós maternos). Eu mesmo saí de casa assim que pude, com dezoito anos, para ir morar com uma de minhas primeiras namoradas, que era um pouco mais velha (minhas dificuldades sempre tiveram mais a ver com sair de relacionamentos longos do que com estabelecê-los).
Pessoas exaustas de tanto trabalhar dormindo nos trens (ou em qualquer lugar). Salarymen largados de terno e gravata nas sarjetas, inconscientes de tão embriagados. Todo tipo de prostituição imaginável e de fácil acesso. Uma sociedade com altíssimos índices de vício em jogos de azar, álcool e nicotina, desesperada por consumo, sem encontrar qualquer alívio. Tanta coisa que chega a ser difícil elencar. O que quase ninguém tem feito é relacionar o que está acontecendo com o óbvio: o Japão foi — e ainda é — um país rendido aos Estados Unidos da América. Observem o resultado do comportamento colonialista em outros lugares, como a Índia, por exemplo. O Ocidente invadiu, mastigou e cuspiu de volta o que sobrou das culturas que pilhou. É assim desde a Roma Antiga, como bem sabem os historiadores. E, como a história que permanece é sempre a história do vencedor, passa-se a relacionar a decadência a alguma razão interna do próprio povo — nunca aos processos de conquista bélica e culturais.
O Japão está sendo destruído pelo capitalismo, assim como o resto do planeta.
Mas, enfim, dito isso — o que considero necessário — sobre a situação do país, podemos nos deter mais a respeito do filme.
Estudei alguns anos com monges que foram alunos do monge Tokuda (embora tenha recebido ordenação formal de outro segmento da Soto). Ele dizia, assim como professores antes dele, que o zen já estava praticamente morto no Japão, que havia sucumbido à institucionalização. Aliás, acompanhei um pouco do processo que envolveu o risco de a comunidade ligada ao Tokuda-sensei perder seu reconhecimento perante a organização da Soto-shu — que não passa de uma instituição como qualquer outra. Ele simplesmente não dava a mínima para a burocracia. Sua preocupação era transmitir o zazen.
Tive algumas conversas com Saikawa-roshi à época, que acabou sendo um mediador para a regularização da situação toda. Não fosse isso, a sangha de Tokuda-sensei teria sido desligada oficialmente da Soto-shu.
Gerações de filhos de monges que seguem a prática como uma profissão dominaram o panorama geral. Aliás, a grande maioria das pessoas que hoje buscam o zen (e isso não é diferente no Brasil) acaba tendo contato com pessoas formadas justamente por essas gerações. Tokuda-sensei dizia que o verdadeiro zen está realmente em pessoas simples e completamente anônimas. Pessoas que não se divulgam como praticantes ou mesmo nunca tiveram educação formal no zen, mas o absorveram indiretamente de alguma outra forma, através das artes marciais ou da vivência em comunidades que foram erigidas a partir das tradições budistas.
O japonês é xintoísta e zen sem saber e sem nomear. Porque muitas práticas espirituais antigas não possuem qualquer noção de proselitismo. Ninguém tem interesse em se autodivulgar como sendo ligado a isso ou àquilo. Muito menos em convencer outras pessoas a seguirem o que fazem.
O filme mostra exatamente isso. Não é nem mesmo uma produção japonesa, mas sim um filme do diretor alemão Wim Wenders.
O personagem Hirayama-san não se importa com se atualizar. Não tem sequer televisão em sua humilde casa. Não demonstra o mínimo interesse pelo consumismo contemporâneo. Leva uma vida simples. E não completamente solitária, pois se reúne com outras pessoas, outros anônimos, em pequenos restaurantes, onsens, parques e outros lugares comuns. Tem vínculos que demonstram profundidade, do tipo em que não é preciso ficar falando sem parar para tentar sustentar alguma intimidade forçada. Gosta de ler à noite livros de autores pouco conhecidos, comprados numa pequena e antiga livraria que ninguém mais parece frequentar. Escuta músicas de outras décadas, ainda em fita cassete. Músicas que realmente o emocionam e comunicam algo verdadeiro. Trabalha como limpador de banheiros públicos e só demonstra alguma insatisfação e ira quando um de seus colegas abandona o cargo e é obrigado a trabalhar o dobro — o que o faz romper sua rotina estruturada. Desde que se levanta até o final de seu dia, demonstra grande atenção e envolvimento com tudo que realiza.
Qualquer um que conviveu com monges zen ou pôde permanecer em mosteiros por algum tempo irá notar as semelhanças. No zen simplesmente não se fala em satori ou iluminação. Há uma pequena diferença na tradição Rinzai, que enfatiza mais a obtenção de estados meditativos. Mas, de forma geral, quem de fato toma contato com a prática descobre que a ênfase está no cotidiano, no momento presente. Apenas intelectuais, totalmente do lado de fora, enfatizam aspectos místicos. O zen real é mundano, tão ordinário que desinteressa o grande público. Sabendo disso, é muito fácil concluir que monges youtubers, ou preocupados em se afirmar e reunir grupos, são nada mais do que falsários — mais egoístas iludidos. Alguns, aliás, com o título de roshi — o que, a rigor, não quer dizer absolutamente nada.
"Perfect Days" é um dos filmes mais zen-budistas que já pude ver. Sem em nenhum momento fazer qualquer alusão direta ao budismo. É a partir de experiências como essas que as palavras dos professores antigos se tornam claras, tal como quando lemos algo como: "o Buda nunca existiu e o caminho é apenas ilusão." Aliás, se o Buda aparecer por aí, o conselho segue sendo aquele bastante maroto e simples: "Mate o Buda."
Is there anything
worse than a hungry child
standing in line for a meal.
Only to be bombed.
(Tom Morello)
Há qualquer coisa
pior do que uma criança faminta
de pé esperando numa
fila por uma refeição.
Apenas para ser bombardeada.
.
.
.
Nunca houve tantas guerras no planeta. Enquanto também existem ameaças nucleares iminentes. Também nunca houve uma sociedade mais indiferente. Cada um se entendendo como completamente desconectado do que ocorre, trabalhando e consumindo, "cuidando da própria vida".
brasil
ill um dos mais ricos
e belos paraísos
sob a luz dos sóis
repleto de terras raras,
mister trump
quando querem
só a carne
pois o espírito
é de temer
golpistas
boçais traidores
& entreguistas
since 1500
genocídios
made in europe
all around the world
bostas de deuses
covardes
empurrados
impostos
em buzinaços
ad aeternum
ah humanidade
embora o silício
escasso
tão pouco
desenvolvida
pilhar inda
é a via
as vias de fato
333333
invadir as redes dominadas pelo imperialismo & exibir poemas de protesto, arte de vanguarda (que é das coisas que mais irritam fascistas, de fato - obras que não se oferecem à interpretação fácil. obras que apontam para a liberdade de um não-sentido-obrigatório (lembrando com barthes que a verdadeira fórmula do fascismo não é impedir de dizer, mas sim: obrigar a dizer. tal como a oposição "oficial" - oposição que já sai vencida - dos dias de hoje, que adota a linguagem e os métodos do neoliberalismo).
colisões. não sentido, não formas definidas. algo, aliás, como a vida e a realidade - pura vacuidade repleta de possibilidades, probabilidades) seria um baita dum novo movimento artístico e poético...
não fossem os poetas contemporâneos um bando de nerds que mal sabem carregar um windows. narizes empinados que têm preconceito até com videogames. passadistas, sim. não raro odiadores de tecnologia (embora sejamos o país que inventou a poesia concreta: aff!).
repito: uma época em que o fascismo avança e se espalha tanto só poderia, obviamente, estar repleta de contemporâneos egocêntricos e conservadores (por mais que se mostrem e se entendam como progressistas, "esquerda", etc). a situação é tão terrível que nem mesmo desconfiam. nem mesmo se enxergam minimamente como de fato são. cada um em sua bolha. cada bolha em suas bolhas. grupos fechados altamente narcísicos. todos se acreditando a última e única bela estrela da manhã? ora vejam, tal como terraplanistas, antivacinas e demais abominações contemporâneas?
sim. outro aspecto de nossa época de excesso e de domínio da informação. dividir e conquistar na ilusão de algum agrupamento, algo mais velho do que os velhos romanos pilhadores.
existem esforços. e/ou ao menos algum humor? um bom acaso? (que bom!). RECORDEM. mas, por enquanto, o mundo segue pilhado e perdido.
enfim, saudações. ave, kali!
o/
.
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O nível mais baixo de inteligência e completa insensibilidade em tempos contemporâneos é o que concebe que a boa vida seja apenas estar apto a consumir. A escravidão contemporânea. Viver para consumir, não para se aperfeiçoar como pessoa, ter a curiosidade de aprender o que ainda não se aprendeu, entender, compreender o que ainda não havia compreendido.
Não existe riqueza maior do que possuir tempo para si mesmo. Trabalhar apenas para poder consumir é se animalizar de uma das piores formas possíveis. Alguém verdadeiramente rico é quem possui tempo de sobra. Inclusive para fazer absolutamente nada (de onde, aliás, ao menos para os orientais antigos, poderia nascer algo chamado sabedoria). A escravidão contemporânea imposta é trabalhar para poder consumir "infinitamente". A cenoura na vara de pescar que move a mula iludida.
Poucos hábitos me parecem mais completamente idiotas do que o costume norte-americano de sair para fazer compras. Obviamente todos queremos algum conforto. Mas depois de ter todo o básico necessário, algumas pequenas regalias (por que não?), ainda assim sair para comprar mais, como se isso fosse algum tipo de entretenimento? O que será que se está tentando preencher com esse hábito? Que mente mais animalizada, sem curiosidade e insensível se regozijaria mais em chafurdar em consumismo vazio?
Teria a mais absoluta certeza nesta vida do total fracasso como ser humano (capaz de racionalidade) se parasse por um momento e me visse inserido em tal circuito. Como um rato, mais um, apenas mais um, alimentando a máquina da guerra, do preconceito, da intolerância... Completamente inconsciente, feliz, satisfeito, indiferente e brutalmente idiotizado. Nas ruas junto às demais formigas hipnotizadas, sorridente, fazendo propaganda da Zumbilândia. Enquanto o planeta é devastado, crianças são assassinadas em guerras estúpidas, passeio distraído, como mais um dos imbecis colaboradores que alimentam toda a estrutura.
Nada nesta vida me daria a sensação mais clara do absoluto fracasso.
campanula
embora seja tudo impermanente
teu coração é eterno, sim, camarada
& quem sou eu
pra te dizer o contrário?
& quem lhe disse que estou aqui pra isso?
eu? eu?
ainda mais eu
eu que não conheço nada
eu nunca me encontrei
eu que busquei a vida toda e não achei nada
sem ganho nenhum ganho
(você já viu a flor-de-sino?)
eu, que não conheço nenhuma verdade
rinzai-anhangá
Cultura de paz mental são milênios de prática de sentar com a própria mente e o vazio. Civilizações e culturas baseadas nessa prática. Jamais, jamais uma característica específica que um povo, uma "raça", etnia, teria desenvolvido como algum tipo de "vantagem", de forma "natural".
Sentar com o silêncio é um bom começo. Porque paz mental não é calma como pensa o idiota (patológico?) com mania de inferioridade, que precisa sair correndo para mostrar que tem o que, paranóico, suspeita que disseram que ele não tem.
Zen NÃO é calma (os bodhisattvas já estão bem putos e cansados de repetir). Zen não é calma, como dita o clichê carregado de preconceitos (e normalizado no ocidente).
Como já disseram: muito calmos caminham os bois para o abate. A não ser o mais espertos, que berram a plenos pulmões.
Os Budas furiosos não têm paciência nenhuma com criançolas afetadas. Rinzai segue descendo a caralha.
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Ps: "zen" é uma corruptela do japonês "zenna", que deriva da palavra chinesa "channa", que por sua vez deriva do sânscrito "dhyana". É possível dizer que a prática da meditação sentada foi sempre uma aquisição estrangeira. Não é possível dizer qual povo a iniciou, pois é muito antiga, superando a capacidade de nossa datação arqueológica. Encontram-se imagens, representações de pessoas sentadas em meditação em resquícios históricos de quase todos os povos, mas foi no oriente que, até hoje, mais se desenvolveu.