domingo, 10 de março de 2024


antes a sombra

do que dócil covardia solar

sento em silêncio

há os sons da noite

junto de todos os seres



quinta-feira, 7 de março de 2024


Que dó!

Da  miséria

Completa 

Final

Que é

Alguém 

Que não tem

Nada 

Pelo que lutar

A não ser

Por si mesmo


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024


 amãeteraço


"I have nothing to say,

 I am saying it, 

and that is poetry

as I need it"

(John Cage)



                                         Música:"Colisões"*  (marcos t.)

 

  H. Morioka foi a primeira pessoa que me ensinou formalmente o zazen. Não a via há muitos anos. A monja de cabeça raspada que aparece no vídeo curioso (abaixo deste texto) com a visita da, à época, princesa Mako ao Museu Histórico da Imigração japonesa, no PR. Ela também é praticante de Tai Chi, Chanoyu e Ikebana, professora aposentada (de educação física, se não me falha a memória) da Universidade Estadual de Londrina (onde fiz meu curso de Letras Modernas). A chamo carinhosamente de "mãe de Dharma". Lembro dela ainda com cabelos na altura dos ombros, sentada com naturalidade na posição do lótus inteiro (kekka fuza, 結跏趺坐), sempre afável e educada. 

  Antes, durante a adolescência, conhecia do zen apenas poemas de Bashô, Issa, Paulo Leminski. E aquilo que falavam alguns amigos mais velhos sobre o tema. Lembro de um especialmente que estava se formando em jornalismo. De temperamento greimasiano, leitor de Roland Barthes e dos estruturalistas franceses, falava com admiração sobre o zen. O que me fez desenvolver respeito e interesse. Até então, qualquer matéria ligada ao "budismo", era apenas mais religião. "Coisa de batchan". Algo pelo qual não nutria muito interesse (muito embora tenha memórias de curiosidade pelas imagens de arte antiga que se encontrava em enciclopédias empoeiradas, desde a primeira infância - algo do período gandhara, estátuas mantendo mudrás e ásanas, velhas representações indianas, iconografias). 

  Lembro, desde criança, de experiências cômicas ligadas a visitas aos "oterás", os templos budistas que no Brasil são quase que apenas frequentados por pessoas mais velhas, imigrantes e descendentes de imigrantes japoneses. Não é incomum que quase todos só falem japonês nas reuniões e que o responsável seja um missionário estrangeiro. Lembro de cenas como meus tios roncando e eu e meus primos nos segurando para não explodirmos em risadas, ao escutarmos o sacerdote entoando sutras de modo, para nossa percepção, algo exagerado.

  O zen me interessou por causa da literatura, por não eliminar a verificação dos fatos e a lógica (os sutras dizem: teste por si mesmo, não confie em nenhuma autoridade, teste um ensinamento como quem verifica o ouro no fogo), embora reconheça um limite para o papel da racionalidade como fator único, absoluto, para a apreensão da realidade.

  O que convencionamos chamar de "pensamento oriental", também a educação dentro das artes marciais japonesas tradicionais, atribui AO CORPO um papel fundamental. Corpo e mente são interdependentes.

  "Corpo-mente". 

  Não espanta que, hoje, alguns estudiosos reconheçam no budismo vindo da Índia influências não só para o campo da filosofia grega antiga, mas também para o método científico moderno, para as matemáticas e as ciências do comportamento e da mente contemporâneas. Assim segue, conforme vai sendo alterado o paradigma da Grécia como berço oficial da ideia de "filosofia",  do "verdadeiro pensamento racional e investigativo". Havia pensamento no oriente antigo, assim como em países africanos em tempos ainda mais remotos, em tribos indígenas ancestrais, altamente desenvolvido, apenas foi propositadamente deslegitimado, estrategicamente apagado pelos invasores. Enfim, algo dos debates atuais das ideias. 

  Não pratico o zen como religião. Embora possa ser compreendido também de tal maneira. Não acredito em reencarnação. Não acredito em renascimento (que é diferente de reencarnação). Nunca tive alguma percepção muito especial sobre os temas, poderia dizer. Também não deixo de dormir à noite tentando refutar conceitos tão antigos, anteriores à civilização e  pensamento ocidentais. O mesmo para conceitos complexos como "karma", que pode ser compreendido, de forma básica, como a boa e velha dupla "causa e efeito". 

  Quanto à prática, um cristão, caso queira, pode se tornar um melhor cristão. Um melhor mulçumano, da mesma maneira, etc, através do zen. Ou alguém pode se tornar um melhor ateu. Ou mesmo todos podem permanecer como preferirem, podem permanecer em suas tradições sem se preocupar com nada disso. Simplesmente porque não há proselitismo nessa arte antiga (ou: não deveria haver). Os melhores praticantes que pude conhecer sempre optam por serem discretos. Icônica a passagem de Shakyamuni - algo talvez um pouco engraçado que nos faz refletir - depois da experiência do satori, ponderando que as pessoas, de modo geral, não vão se interessar pelo seu ensino. O Buda histórico teria considerado adentrar o Nirvana em silêncio. O grande caminho para a paz mental não parece muito interessante ou fácil de ser atingido. Paraísos celestes, vida eterna e incapacidade de desenvolver desapego, por exemplo, surgem como opções melhores para a maioria das pessoas. Não mudou muito, quanto a esses aspectos, de dois mil e seiscentos anos para cá. Enfim, quanto aos professores, nunca conheci um que me pareceu realmente digno de nota que fosse famoso, youtuber, ganhasse muito dinheiro fazendo palestras, coisas do tipo. 

  Compreendo o zen, o budismo e as antigas técnicas de meditação do oriente como conjuntos de técnicas que formam uma milenar "ciência" da mente. E estudiosos modernos do campo das pesquisas neurológicas, da psicologia e da psiquiatria parecem concordar. Tanto que há modas, hoje, no ocidente, ligadas ao "mindfulness", por exemplo. Dentre outros fenômenos que, não raro, visam transformar em mercado tudo que ainda couber na prateleira do "exótico". 

  Frequentei por uns sete anos o zazenkai (encontro para prática de zazen), no Busshinji do Paraná. 

  Todas as semanas chegava, arrumava a sala de meditação (zendô), varria o chão, fazia o zazen, e no final tomávamos chá e conversávamos. 

  Quase nunca se discutia sobre teoria budista. "Quem fala, não sabe", segundo o Tao. Foco maior sempre na prática. O treino no zen é sem palavras. Deriva do convívio direto com seus professores. E cada um, dentro do possível, acaba por encontrar e permanecer com aqueles professores com quem sente mais afinidades. 

  Não existe uma centralização hierárquica definitiva, absoluta. Quero dizer, posso discordar completamente da metodologia (e da realização) de mestres de outras linhagens dentro da soto e ao mesmo tempo conviver com todos respeitosamente dentro da comunidade de praticantes. E, fato óbvio, só posso falar do zen que recebi, quer dizer: apenas posso falar e recomendar aqueles professores com quem convivi diretamente. Talvez setenta por cento de tudo que chamam de "zen", "budismo", "três veículos", hoje em dia, simplesmente não me interessa. Fora a grande fatia do que é enganação e pode ser pernicioso. Nunca cansaria de alertar possíveis interessados por meditação (e artes marciais tradicionais) que é difícil encontrar bons professores, ainda mais ultimamente, que quase todos se dizem "monges", "mestres". A melhor atitude é ser sempre bastante desconfiado e procurar pesquisar minuciosamente a linhagem de professores do professor que por ventura você possa vir a escolher (fato que rememoro: era particularmente tão desconfiado ao ponto de exalar mesmo tal insegurança. Numa bela ocasião, Saikawa Roshi, depois de quase um semana num retiro, fazendo vários dokusans, possivelmente sentindo o cheiro disso, simplesmente sentou quase um dia inteiro no zazendô - das 4 da manhã até quase nove da noite - sem se levantar do zafu (almofada). Um senhor (à época) na faixa dos sessenta anos. Handa-san, seu assistente, virou para mim e sussurrou, brincalhão: "ele está dormindo". Bom, depois de testemunhar algo assim, passou a ser inegável que alguma técnica séria estava envolvida nisso tudo. Algo não diferente de alunos de artes marciais que em alguma ocasião especial testemunham um golpe, um movimento impressionantemente refinado, ou um pintor, um calígrafo que traça algo com enorme naturalidade e beleza, algo que muito mais do que um longo discurso, demonstra, de forma direta, a seriedade da técnica.  

  No Busshinji do Paraná, à época em que Morioka-san ainda não havia recebido a ordenação monástica, recebi a investidura leiga (registro de transmissão da linhagem de professores) do abade J. Kurosawa (hoje residente em Shizuoka). 

  Paralelamente, por uns cinco anos, também frequentei outro zazenkai dirigido por E. Fujiwara. Menos formal, ligado aos alunos do monge Ryotan Tokuda Igarashi. Tokuda-sensei estudou com renomados professores do século vinte, como Sogen Asahina e Kodo Sawaki. Ele teve/tem uma importância fundamental, indiscutível e inapagável, para a transmissão do zen no Brasil, embora, hoje, não seja uma pessoa tão conhecida fora do pequeno círculo do zen nacional. Não o conheci pessoalmente (há anos está morando na França), mas estudei e estive em várias ocasiões com alguns de seu alunos, por isso também o considero um de meus professores.

  Realizava os meus dokusans durante os Sesshins (retiros) com Saikawa Roshi, que foi sacerdote theravada por um tempo antes de ir para a escola Soto. Ele trabalhou junto de monges como Maezumi Roshi, ligado à tradição de Harada Roshi e Yasutani Roshi (fundadores da Sanbô Kyodan - uma vertente bastante crítica ao fenômeno da profissionalização dos monges no mundo contemporâneo). Desse contato, suponho, resultou algo de sua técnica que se assemelhava a koans. Diferente do que pensa o senso comum, por vezes da mesma maneira a academia e seus intelectuais que na verdade, no geral, só sabem do "budismo oriental" aquilo que leram de filósofos ocidentais como Schopenhauer e Nietzsche (que absorveram o que puderam em suas épocas através de, não raro, traduções bastante duvidosas), koans também são usados no treino da Soto e não apenas no Rinzai.

  Tudo varia e depende, no zen, da linhagem e do seu professor. Ou professores - não precisa haver uma filiação absoluta a um apenas, tanto que peregrinações para treinar com outros roshis sempre foram bastante comuns, inclusive na literatura clássica. 

  Segui a prática, portanto, depois de minha primeira Universidade, frequentando o Busshinji de SP, fazendo retiros periódicos e dokusans. 

  Não encontro a Sangha desde o início da pandemia. Algo que, espero, se modifique agora que estamos numa situação mais segura. Também porque não resido em São Paulo. Embora parte de minha família seja da capital e vá para lá com alguma frequência todos os anos desde criança. 

 Tive uma sorte enorme e imerecida, durante meu caminho no zen. Alguns dos monges e praticantes que conheci não só me ajudaram espiritualmente, mas algumas vezes, até mesmo materialmente, doando samuês (vestimentas formais) e/ou financiando custos para permanência em retiros. Sempre serei imensamente agradecido pelos bons encontros que ocorreram. 

 Hoje, depois de ter metade de minha vida dedicada ao zazen, não sei como é viver sem o dharma. Acho curioso pensar a respeito, pois passa a ser algo que te acompanha em todas as atividades do cotidiano. Sigo dizendo que não conheço nada no campo do pensamento e práticas ocidentais como a experiência do zen. Embora trate de algo que esteja também, indubitavelmente, presente no campo das artes, da música e da curiosidade humana de modo geral. 

  Poucas coisas são tão comuns e nos irmanam a todos como o mistério, a insatisfatoriedade e as grandes questões sobre vida/morte (sei que existem tradições meditativas e outros exemplos no ocidente, mas não tenho muito conhecimento sobre tais tradições). 

  Michel Foucault, grande filósofo francês, de pensamento representativo da sensibilidade da contemporaneidade, segundo consta, esteve alguns dias junto de alguns monges, convivendo e partilhando de seu dia a dia e fez declarações sobre a sensação de originalidade de sua experiência: pode ficar aqui como uma dica de pesquisa muitíssimo mais interessante sobre o assunto.


vales cerrados 

em meio ao alegre carnaval 

entoam dharma

.

.

.


  É uma convenção antiga, uma atitude ética, que qualquer um que fale sobre zen ou conceitos relativos à prática aponte suas fontes e professores. Não é possível treinar o zen por conta própria, sozinho. O contato direto, durante anos, com professores é imprescindível. E a sangha sempre tem um papel fundamental. 

  Gasshô.



.

.

*composição nossa - variados timbres de cello (instrumentos de samples e modelagem sonora), silêncios & pandeiro; estará disponível em áudio de alta qualidade em disco ainda a ser lançado

domingo, 11 de fevereiro de 2024


agamémnon


taiso eka (éca!) :p

ofereceu seu braço

ao monge bárbaro

de aparência 

e atitudes exóticas

vindo da índia

o dragão indiferente 

no final do caminho

do lago de cinzas

onde flutua uma hydra

pouco se importa

se deceparem 

parte de sua cauda 

para que se forge

uma espada



sábado, 27 de janeiro de 2024

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

 


notas de leituras - a

olhíeres 
sir tristram violer d'amores
donde Wsir Júbilo
jah no segundinfinito pára
grafo: portuganso
no mais prohundo 
hundo das prohundas 
(キュートk8tokoredesunehai!) 
kkk! kkk。How Can Evel nú prim
eros Nhorte Amoras

várias formulhas pêra
taka o que kata ali
 雷 takaoki katta said about mister gozo
nói tem jinshin todo dia 
no bagulho patrão 
sélokosim kamminari!:

O Outrono (bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonner-
ronntuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthur-
nuk!) 

um bobão verte: (bababadaltrombãokamminhatrotãofimlantrocãobronfrancotro-
zãoprizzatrosãotrombadáguavarruãoswethundradinamarcotrãotornatrobom-
fuk!)

GODZICA  








sábado, 16 de dezembro de 2023


Na primavera dizemos "mudança virá com

o verão"

No verão dizemos "mudança virá com 

o outono"

No outono dizemos "mudança virá com 

o inverno"

Inverno chega e sabemos que temos que esperar

Por outra primavera

y.o. 2000


In the spring we say “change will come in the summer”

In the summer we say “change will come in the fall”

In the fall we say “change will come in the winter”

Winter comes and we know we have to wait

For another spring

y.o. 2000



(yoko ono, trad.: m.t.)





segunda-feira, 11 de dezembro de 2023


PEÇA D´ÁGUA


Dê ouvidos ao som

da quebrada/ 

subterrânea

água


1963 primavera


§


Surrupie uma lua n´água com uma vasilha.

Siga subtraindo-a 

até que nenhuma lua mais seja vista

no líquido.


1964 primavera



WATER PIECE


Listen to the sound

of the underground

water.


1963 spring


§


Steal a moon on the water with a bucket.

Keep stealing until no moon is seen on

the water.

1964 spring




(yoko ono, trad.: m.t.)








quinta-feira, 30 de novembro de 2023

segunda-feira, 20 de novembro de 2023


bobolouco


não sou como eles

posso fingir

foi-se o sol

tenho um isqueiro

já era o dia

me divertindo ainda

acho que sou um bobo

mas louco 

é quem me diz

e não é feliz

não é feliz

eu juro que é melhor

não ser um normal

se eu posso pensar 

que deus sou eu & 

brllllluuuuuuuuuuuuu!


meu coração 

quebrou-se

tenho um pouco de 

COLA

vamos cheirar 

e tentar remenda-lo juntos

vamos passear nas nuvens

depois vamos cair

numa puta ressaca

queimar de sol

adormecer

querer longe

a alma uma pechincha

licão aprendida

me queira sorte

arder tranquilo

me acorde

se eles têm três carros

eu posso voar

se eles rezam muito

já estou no céu

sim sou muito louco

não vou me curar

já não sou o único

que encontrou a paz







domingo, 19 de novembro de 2023


 pra não dizer que não falei de repetições


sempre preferem os ladrões

 genocidas (e idiotas)

e assassinam (ou suicidam) seus profetas




sábado, 18 de novembro de 2023


durante toda a vida 

myamoto musashi

foi pesadamente caluniado 

diziam que nunca 

encontrou os yoshioka 

que era um mentiroso 

e fôra derrotado

por kojiro em ganryujima

todos os tipos de histórias

por anos e anos

foram inventadas

musashi nunca retrucou

a quem o atacava 

apenas se centrando

no caminho 


quinta-feira, 9 de novembro de 2023

 

A maioria das pessoas lê poesia como se fosse prosa. A maioria quer ‘conteúdos’ mas não percebe formas.  Em arte, forma e conteúdo não podem ser separados. Perguntava o poeta Yeats: ‘Você pode separar o dançarino da dança?’ Quem se recusa a perceber formas não pode ser artista. Nem fazer arte.”

(décio pignatari)




quarta-feira, 8 de novembro de 2023

 

una carta 


- fala, meu amigo argentino/ 

estimado señor/

cujas noites enredadas pelo tango/

perezperón/ la lucha/ 

le peras, gardênias/ gardéis &  cabezas/ 

sangue acelerado do chimarrón/  

melhor cervezas que iglesias/

tal como no passado/ in vino veritas/

noites alegres de cantar mujeres/

estrellas & mujeres/ mujeres estrellas/

contra a imensidão do manto escuro/

(...)

talvez jamais entenderia/ 

menos ainda concordaria/ 

com tais versos:/

como 'são belos sim estes desertos/////// 

e tudo mais é só/ um/ sopro/ e foi. /'  

fraternas/ saudações.



terça-feira, 7 de novembro de 2023


sentado apenas

o eu vai e vem

como é cômico

o autocentramento

o agarrar os pensamentos

preocupações infinitas

nenhum eu

somente as bobeiras humanas

se repetindo de geração a geração

por alguns momentos

a brisa fria

agradável

da noite

nada existe

neste ou noutro mundo

que seja mais profundo


segunda-feira, 23 de outubro de 2023



trovão de primavera 

nempuku sato em bauru 

é só uma rua








 

o fascismo é brega sempre perde nunca aprende por vezes volta à moda o fascismo quer tudo limpo         alvo caro clássico renascentista direitista idiota      o fascismo é um mimo de minunu

sábado, 21 de outubro de 2023


 george mayerle

&

 



 







o                                   que você vê quando apaga as luzes? não posso dizer mas sei que é algo m eu                                                                                                                                                                                          

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

lokisai (propósitos)

a mário faustino 


tigres dos dias, um a cada manhã. 

se chegar até lá, talvez aos cem 

escreva algum verso notável. 

talvez aos 106 (quem sabe?)

algo verdadeiramente faça movimentar

meus irmãos humanimais. 

se nada disso acontecer, 

deixarei uma boa trilha de tentativas 

que, embora não passando de diluições, 

ao menos apontaram para

o que me pareceu mais consistente.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

 

alice cooper





num mundo em q o fascismo avança

além de uma igreja em cada esquina

os ídolos do "rock" são bandos de mauricinhos

despolitizados sem noção do ridículo

sem vergonha alguma de exibir seus privilégios

para um mundo que não fazem ideia de como é maior

de como se organiza (a não ser seus empresários

e contratantes: O.I.N.C & CO., OINC!)

não fazem ideia de como é maior do que seus umbigos

enquanto vão sendo convencidos e convencem 

que são as mais velha/nova maravilha da prateleira

não fazem ideia da máquina de ódio a qual servem

COME ON BABY EAT THE RICH

NAZI LIVES DON´T MATTER

alice cooper don´t give a shit



https://www.radiorock.com.br/2023/09/04/o-rock-esta-morto-para-alice-cooper-nao-o-rock-esta-onde-deveria-estar/

sábado, 19 de agosto de 2023


pra quase tudo hoje nem desenhar não basta























O patridiota (oswaldianinha)


oha! you? goza

aí mais



                                                                                                                   つづく

























sexta-feira, 18 de agosto de 2023

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

 


  caríssima dotôra psican

nalista, 

no nirvana

não há sexo

nem o que transcender


(posso estar errado, mas é uma resposta dada de alguém que se deu ao trabalho de ir estudar formalmente  - com um grupo, etc - o assunto. por anos. ave, j. lacan. beijos)



AUTORRETRATO 

katana cintila contra o céu

meu esqueleto exposto a todos

eu, gabadão como um general do zen

louco de sorver a vida 

desfrutando o sexo ao máximo


(ikkyu sojun - SÉCULO XIV, trad.: m.t.)














quinta-feira, 10 de agosto de 2023


 .tgvv 


para pagamento impossível 

de dívida inexistente

com piratas &/ou funcionários

do processo contra K (d´eu

q. não quero M pra mim)

- by peder pão (we are colleagues 

my friends) entreguem em sealand

(51 53'40"N, 1 28'57"E) 

selado numa garrafa perdida

do vinho do porto (do porre)

mais forte (muito apreciado 

peloO pessoa em pessoa, 

dizem) aos tamborins do real

oceano que não existe 

à éther gaivoltaslivres 

é TUDO NOSSO, companheiros! o/

céu de brigadeiro céude-

panos-sem-limites spalhem 

spread the word A palavra 

vermelha como brasil

aquela palavra cantada


- atenciosamente, do 

3 (ˈθɜrd) mundo não-mudo

9OSTO POR VÓS ETERNA(MENT6 

NA TERCEIRA GUERRA (n6vo terceiro 

reich) - dentrotambém a dedi

rósea aurora ῥοδοδάκτυλος -   

dentro do terceiro mundo

depois dos alvos só

is 

(...)



"(...)



Monges hoje em dia são em sua maior parte,

ignorantes e fogem do Zazen como algo cansativo; estão deserdados em suas meditações,

concentrando-se, ao invés, em decorar seus templos. Seu Zazen é uma vergonha e estão

meramente mascarando-se de monges — os mantos com os quais brincam virarão pesadas

roupas de tortura algum dia.


(...)


Neste mundo,

Todas as coisas, sem excessão,

São irreais.

A morte mesmo

É uma ilusão.


A ilusão faz parecer que apesar do corpo morrer, a alma permanece — este é um grave erro. Os

iluminados declaram que tanto o corpo quanto a mente morrem juntos. “Buda” quer dizer

vazio, e céu e terra voltam ao chão original do ser. Eu coloquei de lado os 80.000 volumes da

escritura e lhes dei a essência neste fino volume. Isto lhes trará grande felicidade.


Escrevendo algo 

Para deixar para trás

É ainda um outro tipo de sonho.

Quando eu despertar eu sei que

Não haverá ninguém para o ler."


(do "esqueletos" 

de ikkyu sojun, trad.: marcos beltrão ryokyu)






segunda-feira, 7 de agosto de 2023

 


À esquerda da parada


"Li da sua banda num zine do rolê

não mencionaram seu nome, não mencionaram você"

Brisas boas da Georgia, de boa e quentinho

Segui para o norte, você seguiu para o norte


Sem parar, parar, parar

De que lado cê está?

Sem parar, parar, parar

De que lado cê está?


Voz maçante rindo, certa vez no rádio

Parecíamos bêbados, nunca fizemos isso ao vivo

Passando e está tarde, a estação sumindo na paisagem

A gente pega outro no próximo pico


Sem parar, parar, parar

De que lado cê está?

Sem parar, parar, parar...


Segue crescendo, menina bonita, 

Tirando som da maquiagem, vestindo sua guitarra

Envelhecendo num boteco, vamos envelhecer num boteco

Iremos pra San Francisco, de lei, definitivamente não pra L.A.


E se eu ficar muito tempo sem te trombar

Tento te achar

À esquerda da parada


(The Replacements)


















 

domingo, 30 de julho de 2023


Rex caeli domine 

(Musica enchiriadis)


Rex caeli, domine maris undisoni,

Titanis nitidi squalidique soli,


Te humiles famuli modulis venerando piis

Se, jubeas, flagitant variis liberare malis.


Cithara sapientis melodia est

Tibimet, genitor, forte placita;

Cuncta captus devotorum laudum munia

Nostri quoque sume voti harmoniam.


Placare, Domine, nostris obsequiis,

Quae nocte ferimus, quoque meridie,


Criminum purga maculas,

Quibus corda nostra hebetant,

Nobis et, bone senior,

Pro reatu dona veniam.


Nullus dignus tuis potest obtutibus

Praesentari sine labe flagitii,

Ut laudem tuo sancto canant nomini,

Et tu gesta non scrutaris, piissime,


Sed cor hominum.



rei dos céus

(manual de música)


rei do céus, senhor do insondável oceano,

do luminoso titã o sol e da terra sombria,


teus humildes servos te veneram em devotadas canções

e, sinceros, suplicamos, nos libere de todo mal.


da cítara sábia melodia

a ti, criador, que seja agradável

tendo recebido devotados louvores, de nossa oração,

a harmonia das preces


apaziguamento possa surgir de nosso serviço

oferecido tanto em noites quanto nos dias


limpa o manchado de nossos erros

aos quais o coração fôra insensível

oferendas te sejam dirigidas

para rendenção da nossa culpa


nenhum de nós sem mácula e pecado

digno o bastante para cantar

o teu nome santo. tu que perscrutas 

não apenas as ações


mas os corações dos homens


(trad.: m.t.m.)



(*tendo sido criado, formado em outra tradição, tenho total aversão e desprezo por quaisquer concepções que denotem servidão e exaltação a um senhor ou entidade toda-poderosa. para mim, quaisquer ideias de um criador são sem nenhum sentido, refutáveis e completamente absurdas. no entanto, tenho a mais profunda emoção e êxtase por estas canções e melodias. daí enorme respeito e admiração.)





lembrete: desconfiar sempre de "gênios" super populares, exaltados pelo mercado e/ou intelectuais de butiques (& demais bueiros) alienados. assim como da opinião de IAs programadas por funcionários do grande capital sobre o tema. ademais, é o que dizia oswald de andrade: "ó criadores das elevações artificiais do destino: eu vos mal-digo! a felicidade do homem é uma felicidade guerreira. tenho dito. e viva a rapaziada! o gênio é uma longa besteira!" 

“em todo caso, quanto mais nobre o gênio, menos nobre o destino. um gênio pequeno alcança a fama, um grande gênio recebe a infâmia, um gênio maior sofre o desespero; um deus é crucificado”. 

(fernando pessoa)




sábado, 15 de julho de 2023

                                                                                                                                                               

                                                                                                                                            土曜日,

まだ暑い


playing anno

FLORES 

& studying about

 tomoe gozen onna-

musha




 


土曜日


playing anno

FLORES 

& studying about

 tomoe gozen onna-

musha





quinta-feira, 13 de julho de 2023

 


Mara 

(threnody contemporâneo)


"Desde a antiguidade é sabido, 

a punição para um povo que fez pouco caso da finitude, 

da dor relacionada ao seu processo para as pessoas 

e suas cerimônias de despedida, é o seu total aniquilamento."


1 - não é possível matar um morto

2 - não é possível matar a morte

3 - o impossível pois sim! existe

4 - 死 xiii! - a morte 

que tentaram menosprezar

e ajudar a espalhar

viverá eternamente

lembrando aos ainda vivos

(alguma justiça) do óbvio:

(uh!lula

nte) 

vocês eram apenas 

um bando de imbecis





quinta-feira, 30 de março de 2023


cães estúpidos ladrando 

alto na madrugada

uns para os outros

& para o vazio

(casa vizinha 

de idosos doentes e insones

com traços de estrangeiros)

exibem a estupidez dos falsos

cristãos criaturas indiferentes 

assemelhados a psicopatas

nenhuma compaixão

torturadorezinhos hipócritas 

eleitores do anticristo

tribo dos invertidos

funcionário$ do diabo 

que adoram como deus