Versos Gêmeos
A mente (o interior) antecede todos os fenômenos,
a mente é o criador.
Se agir, falar, a partir de uma mente conturbada
o sofrimento, a insatisfação o seguirá:
assim como a roda de uma carroça segue
os passos de um cavalo que a conduz.
A mente (o interior) antecede todos os fenômenos,
a mente é o criador.
Se agir, falar, a partir de uma mente pura
a felicidade, a satisfação o seguirá:
assim como uma sombra sempre o acompanha.
"Ele me fez mal, ele me agrediu,
ele me derrotou, ele me roubou...",
quem dá guarida a tais formas de pensar
nunca tem seu ódio-insatisfação apaziguado.
"Ele me fez mal, ele me agrediu,
ele me derrotou, ele me roubou...",
quem não dá guarida a tais formas de pensar
tem seu ódio-insatisfação apaziguado.
Nesse mundo
ódio não se encerra com mais ódio,
ódio se encerra pelo não-ódio*.
Essa é uma lei eterna.
Yamaka Vagga
Manopubbaṅgamā dhammā
manoseṭṭhā manomayā
Manasā ce paduṭṭhena
bhāsati vā karoti vā
Tato naṃ dukkhamanveti
cakkaṃ'va vahato padaṃ.
Manopubbangama dhamma
manosettha manomaya
manasa ce pasannena
bhasati va karoti va
tato nam sukha manveti
chayava anapayini.
A mente (o interior) antecede todos os fenômenos,
a mente é o criador.
Se agir, falar, a partir de uma mente conturbada
o sofrimento, a insatisfação o seguirá:
assim como a roda de uma carroça segue
os passos de um cavalo que a conduz.
A mente (o interior) antecede todos os fenômenos,
a mente é o criador.
Se agir, falar, a partir de uma mente pura
a felicidade, a satisfação o seguirá:
assim como uma sombra sempre o acompanha.
"Ele me fez mal, ele me agrediu,
ele me derrotou, ele me roubou...",
quem dá guarida a tais formas de pensar
nunca tem seu ódio-insatisfação apaziguado.
"Ele me fez mal, ele me agrediu,
ele me derrotou, ele me roubou...",
quem não dá guarida a tais formas de pensar
tem seu ódio-insatisfação apaziguado.
Nesse mundo
ódio não se encerra com mais ódio,
ódio se encerra pelo não-ódio*.
Essa é uma lei eterna.
Yamaka Vagga
Manopubbaṅgamā dhammā
manoseṭṭhā manomayā
Manasā ce paduṭṭhena
bhāsati vā karoti vā
Tato naṃ dukkhamanveti
cakkaṃ'va vahato padaṃ.
Manopubbangama dhamma
manosettha manomaya
manasa ce pasannena
bhasati va karoti va
tato nam sukha manveti
chayava anapayini.
Akkocchi mam avadhi mam Akkocchi mam avadhi mam
ajini mam ahasi me
ye ca tam upanayhanti
veram tesam na sammati.
ajini mam ahasi me
ye ca tam nupanayhanti
veram tesupasammati.
sammantidha kudacanam
averena ca sammanti
esa dhammo sanantano.
Tradução dos cinco primeiros versos do "Dhammapada", antigas escrituras que fazem parte do cânon páli budista.
A tradução é difícil pois certas palavras do português não dão conta dos termos no original.
"Mente", por exemplo, como deveria ser entendido corretamente, se refere não apenas aos processos psicológicos (tal como se entenderia na psiquiatria ou na psicanálise), mas também ao corpo - seria a totalidade do ser que apreende a realidade. Esses problemas de tradução ocorrem porque na maneira ocidental de se pensar tudo é sempre isolado e separado (como na ciência). No entanto o corpo também é um mecanismo importantíssimo de apreensão da realidade. A questão é a de se tentar ir além de um certo logocentrismo do pensamento que caracteriza a forma como o ocidental vê a realidade e que influe diretamente na formação de sua linguagem.
Para outras referências e traduções:
http://www.marcosbeltrao.net/ - http://www.acessoaoinsight.net/ - http://www.tipitaka.net/tipitaka/dhp/verseload.php?verse=001
*Averena - Literalmente essa palavra quer dizer "não ódio".