Wabi e Sabi:
este blog(i)
Solário
O peso d´águ
a
cabando com o tempo e
o corpo deitado
flutua no diáfano.
- Eu estou indo agora (a dez mil pés de civilidade).
- Vocêu? (cada
pétala
pesa tonelada)
- Como?
Troncos de palmeira
e pernas depiladas,
pássaros e as adolescentes
dobrando gazes nas coxas.
- Você não deveria estar aqui, deveria estar mascando Lucacks no alto de um Shopping Center.
"Maurício,"
não é que toda pressa seja inimiga
da perfeição, pontiaguda de arrepio,
mas dessa atrapalha o fluído
rente a uma certa forma japonesa
de deixar brotar do solo mesmo
o que em outra cama seria insípido.
Musashi, creio, contra o balbucio
eterno da palavra (mesmo essa
vizinha ao puro vento) soube deixar-se
alerta lavrando com paciência
só o solo aplainado do espírito
que tem do peito casas, ruas, portaria.
Será mesmo o árduo exagero
do fazer sem fazer muito,
taoísta cabraliano, de fato
o derradeiro plano do fazer
que se faz mais no contido do
não querer que no enlace com o enevoado?
O que sabe-se, meu velho amigo,
é que os pés estão um atrás do outro,
tempestade se faz mesmo quando tropical,
não só a histeria de um vendaval mas*
essas gotas enormes que caem do contido
poema de nuvens quase negras - paciência torrencial.
* A chuva no Japão carrega os dois extremos da ventania e dos pingos fininhos. Não é como aqui, carregada de água. Seguindo o exemplo do Cordel, a gente tem é que fazer cair água!