BOST
M
A
N
Estávamos de pé, então, um de frente para o outro
Olhávamos - ninguém mais se olhava há muito tempo
Naquela casa repleta de mármore e tão poucas almas
Nas salas escuras e quadradas, amplas e sempre quadradas
Ouvimos nossa respiração – e o barulho dos motores, ruídos
Talheres, câmeras fotográficas, gente bláblábláblando seu capim
Há tanta poeira acumulada, pesando os ombros e o pescoço
In perpetum, o tédio o tédio o tédio o tédio o tédio O
Mas (“que bom que voltou”) estávamos nos olhando (“sim!”)
E eu via esse seu rosto de desenho simples e redondo – tão delicado...
E encostado no teu peito adormecia junto ao seu fôlego lento
... Mas aí ergueram as bandeiras, e os batalhões se formaram para a guerra
Voltamos às ruas para espalhar nosso ócio em nosso ofício
Lembrar que é do estômago e não da cabeça que vem aquele frio
Veja: não há como fugir das trombetas arranhando nossos tímpanos
Toda manhã, saudades – enquanto a vida se desfaz como um rio