quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

LXXXIII - (segunda parte) Entre 4 paredes



Estávamos de pé, então, um de frente para o outro

Olhávamos - ninguém mais se olhava há muito tempo

Naquela casa repleta de mármore e tão poucas almas

Nas salas escuras e quadradas, amplas e sempre quadradas



Ouvimos nossa respiração – e o barulho dos motores, ruídos

Talheres, câmeras fotográficas, gente bláblábláblando seu capim

Há tanta poeira acumulada, pesando os ombros e o pescoço

In perpetum, o tédio o tédio o tédio o tédio o tédio O



Mas (“que bom que voltou”) estávamos nos olhando (“sim!”)

E eu via esse seu rosto de desenho simples e redondo – tão delicado...

E encostado no teu peito adormecia junto ao seu fôlego lento

... Mas aí ergueram as bandeiras, e os batalhões se formaram para a guerra



Voltamos às ruas para espalhar nosso ócio em nosso ofício

Lembrar que é do estômago e não da cabeça que vem aquele frio

Veja: não há como fugir das trombetas arranhando nossos tímpanos

Toda manhã, saudades – enquanto a vida se desfaz como um rio