(Na especialíssima ocasião de terem algum, os artistas nacionais
sobem aos seus palcos
da altura de uma sarjeta.
Apagam-se as luzes
e inicia-se o lamento:)
E às portas do “país do futuro”
com os pés em pleno florão da América,
descendo,
cada vez mais e a velocidades incríveis,
para os buracos
tão largamente freqüentados
de velhas causas perdidas
nos pós-pós-pós(tumos)utópicos
e sempre solitários:
Lasciate ogni speranza
voi che entrate
Pronto,
(sai da frente da porta
e se carimba na testa:)
“arte é qualquer coisa
de tolo.”
Não há esquerda ou direita
no limbo nacional,
patrocinado pela cegueira e a malandragem
econômica,
nem heróis gregos afundados.
“Um milhão, dois milhões, três mil milhões...”
(Sorriem os carões de pau
de sebo:)
“Pra mim,
pra mim,
no meu bolso de sambista reciclador,
Mais Prata no Bolso”,
(ou) O pinguço mundo dos serrtanejos universOtários,
(ou) negociantes de burrice
de jingles bundalelês de rádio
“Tenho pistolão publicitário.”
“E ENFIA JOSÉ-MUSIC NA JOSSA TODA
E JABÁ, JABÁ É A RAÇÃO DEMOCRÁTICA
DAS PANELAS.”
Xeques, xeques sacrificando o genuíno nos altares
(o coração é arrancado do peito da nação
enquanto pulsa quentinho em suas oleosas mãos)
dos contratos dos des-incentivos culturais,
vindos do alto dos grandes templos financeiros,
para o lixão a cravar os dentes na luz dos dias
e na grana.
O mundo regurgita desastres atômicos enquanto
os poetasbaratas afinando as cordas de suas harpas
nos tons em que somente eles prestarão alguma atenção
ou escutarão
mas sobre-
viverão
como boas baratas,
(não é mais underground que chamam)
no esgoto
e na garganta branquíssima do morto.