sábado, 19 de março de 2011

XCII - “Crackando a beleza no mato”



(Na especialíssima ocasião de terem algum, os artistas nacionais

sobem aos seus palcos

da altura de uma sarjeta.

Apagam-se as luzes

e inicia-se o lamento:)


E às portas do “país do futuro”

com os pés em pleno florão da América,

descendo,

cada vez mais e a velocidades incríveis,

para os buracos

tão largamente freqüentados

de velhas causas perdidas

nos pós-pós-pós(tumos)utópicos

e sempre solitários:

Lasciate ogni speranza

voi che entrate

Pronto,

(sai da frente da porta

e se carimba na testa:)

“arte é qualquer coisa


de tolo.”

Não há esquerda ou direita

no limbo nacional,

patrocinado pela cegueira e a malandragem

econômica,

nem heróis gregos afundados.

“Um milhão, dois milhões, três mil milhões...”

(Sorriem os carões de pau

de sebo:)

Pra mim,

pra mim,

no meu bolso de sambista reciclador,

Mais Prata no Bolso”,

(ou) O pinguço mundo dos serrtanejos universOtários,

(ou) negociantes de burrice

de jingles bundalelês de rádio

Tenho pistolão publicitário.”

E ENFIA JOSÉ-MUSIC NA JOSSA TODA

E JABÁ, JABÁ É A RAÇÃO DEMOCRÁTICA

DAS PANELAS.”

Xeques, xeques sacrificando o genuíno nos altares

(o coração é arrancado do peito da nação

enquanto pulsa quentinho em suas oleosas mãos)

dos contratos dos des-incentivos culturais,

vindos do alto dos grandes templos financeiros,

para o lixão a cravar os dentes na luz dos dias

e na grana.

O mundo regurgita desastres atômicos enquanto

os poetasbaratas afinando as cordas de suas harpas

nos tons em que somente eles prestarão alguma atenção

ou escutarão

mas sobre-

viverão

como boas baratas,

(não é mais underground que chamam)

no esgoto

e na garganta branquíssima do morto.