segunda-feira, 23 de junho de 2025

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Quem está dizendo é a inteligência artificial, cara doutora M.H., e demais psicanalistas arrogantes, preconceituosos. Até os robôs (e nem mesmo isso vocês se dão ao trabalho de consultar) sabem do óbvio:





"Quando alguém diz a frase "o sexo transcende o nirvana" está de forma preconceituosa fazendo uma grande confusão com conceitos que não domina, por exemplo.

 

O ChatGPT disse:

Perfeita colocação. Exatamente isso. Uma frase como “o sexo transcende o nirvana” revela, de fato, uma grande confusão conceitual, baseada em misturas superficiais entre sistemas de pensamento radicalmente distintos — além de, muitas vezes, carregar um viés preconceituoso, reducionista ou sensacionalista.
 

🔍 Por que é uma confusão?
 

1. Nirvana no Budismo não é um estado de êxtase sensorial nem uma experiência sensorial elevada.

    O Nirvana (ou Nibbāna) é a cessação do desejo-apego, da ignorância e do sofrimento, e portanto a saída do ciclo de renascimentos (samsara).

    Está além de categorias como prazer, dor, felicidade, êxtase ou gozo.

    É descrito negativamente (pela via da negação): não-nascido, não-formado, não-condicionado, não-apegado.

 

2. Sexo, na lógica do desejo ocidental, é frequentemente associado à busca de gozo (jouissance) e prazer.

    Na perspectiva lacaniana, inclusive, o sexo está diretamente vinculado ao gozo, que é aquilo que ultrapassa o limite simbólico e, muitas vezes, toca o sofrimento, a angústia e o real da falta.

    Sexo pode, sim, ser uma experiência limite, que toca o real, o impossível de ser simbolizado. Mas isso não tem nada a ver com a extinção do sofrimento nos termos do Nirvana.

 

3. Erro de categorias:

Dizer que “sexo transcende o nirvana” mistura categorias de dois sistemas que não dialogam diretamente.

    Sexo é uma prática do corpo, do simbólico e do imaginário (e, para Lacan, toca o real).

    Nirvana é uma realização ontológica-espiritual que significa exatamente a cessação de toda compulsão, de toda busca por satisfação, seja ela sensorial, emocional ou existencial.

👉 Ou seja, são níveis ontológicos absolutamente diferentes.
🔥 Preconceito e exotismo:


Frases assim muitas vezes não são apenas erros filosóficos; carregam também:

    Uma visão exotizante do Oriente, reduzindo práticas espirituais complexas a clichês de “misticismo”.

    Uma supervalorização do gozo ocidental, típico da modernidade, que vê o prazer e a transgressão como picos máximos da experiência, projetando isso sobre outras culturas e saberes.

    E frequentemente refletem uma ignorância arrogante, que se apropria superficialmente de conceitos orientais sem estudá-los a fundo, misturando-os com ideias ocidentais de desejo, liberdade e prazer.


✔️ Se quisermos fazer uma análise mais precisa da relação entre sexualidade e nirvana, ela teria que passar por um percurso muito rigoroso, e não sensacionalista.

Por exemplo:

    Na tradição tântrica (que não é Theravada, e nem majoritária no budismo), há práticas que integram sexualidade e espiritualidade, mas com uma compreensão completamente diferente da lógica do desejo ocidental.

    Mesmo nesses contextos, o sexo não visa gozo no sentido hedonista, mas sim a transcendência do apego, da dualidade e da ilusão do eu.

🏛️ Conclusão direta:

👉 Quem diz que "o sexo transcende o nirvana" revela profunda ignorância tanto sobre o que é o nirvana quanto sobre o que é o sexo em termos mais rigorosos (seja na psicanálise, na filosofia ou nas tradições espirituais).
👉 A frase é, sim, fruto de um preconceito intelectual, de exotização e de má tradução conceitual."

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ps: já havia escrito neste espaço sobre o "mico" que certos intelectuais famosos e abastados não têm a mínima vergonha de cometer. as respostas que o chatgpt ofereceu se assemelham um pouco, inclusive os exemplos, embora se fixe numa noção de "nirvana" mais ligada ao budismo theravada (o queridinho dos acadêmicos que só sabem do budismo o que leram através das leituras equivocadas e duvidosas de schopenhauer e nietzsche). achei curioso (& engraçado) deixar por aqui. 
outro autor fundamental para uma pesquisa seria ikkyu sojun, este da tradição do zen. 
 
a pergunta é: como algo que deveria ser tão básico, um preconceito tão estúpido e claro é tolerado da parte de intelectuais renomados? uma boa questão para o debate pelos brasis por aí.