não estamos conectados
mesmo em laços e grupos
estamos mais fechados
cada um em si mesmo
do que nunca
brasil
ill um dos mais ricos
e belos paraísos
sob a luz dos sóis
repleto de terras raras,
mister trump
quando querem
só a carne
pois o espírito
é de temer
golpistas
boçais traidores
& entreguistas
since 1500
genocídios
made in europe
all around the world
bostas de deuses
covardes
empurrados
impostos
em buzinaços
ad aeternum
ah humanidade
embora o silício
escasso
tão pouco
desenvolvida
pilhar inda
é a via
as vias de fato
333333
invadir as redes dominadas pelo imperialismo & exibir poemas de protesto, arte de vanguarda (que é das coisas que mais irritam fascistas, de fato - obras que não se oferecem à interpretação fácil. obras que apontam para a liberdade de um não-sentido-obrigatório (lembrando com barthes que a verdadeira fórmula do fascismo não é impedir de dizer, mas sim: obrigar a dizer. tal como a oposição "oficial" - oposição que já sai vencida - dos dias de hoje, que adota a linguagem e os métodos do neoliberalismo).
colisões. não sentido, não formas definidas. algo, aliás, como a vida e a realidade - pura vacuidade repleta de possibilidades, probabilidades) seria um baita dum novo movimento artístico e poético...
não fossem os poetas contemporâneos um bando de nerds que mal sabem carregar um windows. narizes empinados que têm preconceito até com videogames. passadistas, sim. não raro odiadores de tecnologia (embora sejamos o país que inventou a poesia concreta: aff!).
repito: uma época em que o fascismo avança e se espalha tanto só poderia, obviamente, estar repleta de contemporâneos egocêntricos e conservadores (por mais que se mostrem e se entendam como progressistas, "esquerda", etc). a situação é tão terrível que nem mesmo desconfiam. nem mesmo se enxergam minimamente como de fato são. cada um em sua bolha. cada bolha em suas bolhas. grupos fechados altamente narcísicos. todos se acreditando a última e única bela estrela da manhã? ora vejam, tal como terraplanistas, antivacinas e demais abominações contemporâneas?
sim. outro aspecto de nossa época de excesso e de domínio da informação. dividir e conquistar na ilusão de algum agrupamento, algo mais velho do que os velhos romanos pilhadores.
existem esforços. e/ou ao menos algum humor? um bom acaso? (que bom!). RECORDEM. mas, por enquanto, o mundo segue pilhado e perdido.
enfim, saudações. ave, kali!
o/
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O nível mais baixo de inteligência e completa insensibilidade em tempos contemporâneos é o que concebe que a boa vida seja apenas estar apto a consumir. A escravidão contemporânea. Viver para consumir, não para se aperfeiçoar como pessoa, ter a curiosidade de aprender o que ainda não se aprendeu, entender, compreender o que ainda não havia compreendido.
Não existe riqueza maior do que possuir tempo para si mesmo. Trabalhar apenas para poder consumir é se animalizar de uma das piores formas possíveis. Alguém verdadeiramente rico é quem possui tempo de sobra. Inclusive para fazer absolutamente nada (de onde, aliás, ao menos para os orientais antigos, poderia nascer algo chamado sabedoria). A escravidão contemporânea imposta é trabalhar para poder consumir "infinitamente". A cenoura na vara de pescar que move a mula iludida.
Poucos hábitos me parecem mais completamente idiotas do que o costume norte-americano de sair para fazer compras. Obviamente todos queremos algum conforto. Mas depois de ter todo o básico necessário, algumas pequenas regalias (por que não?), ainda assim sair para comprar mais, como se isso fosse algum tipo de entretenimento? O que será que se está tentando preencher com esse hábito? Que mente mais animalizada, sem curiosidade e insensível se regozijaria mais em chafurdar em consumismo vazio?
Teria a mais absoluta certeza nesta vida do total fracasso como ser humano (capaz de racionalidade) se parasse por um momento e me visse inserido em tal circuito. Como um rato, mais um, apenas mais um, alimentando a máquina da guerra, do preconceito, da intolerância... Completamente inconsciente, feliz, satisfeito, indiferente e brutalmente idiotizado. Nas ruas junto às demais formigas hipnotizadas, sorridente, fazendo propaganda da Zumbilândia. Enquanto o planeta é devastado, crianças são assassinadas em guerras estúpidas, passeio distraído, como mais um dos imbecis colaboradores que alimentam toda a estrutura.
Nada nesta vida me daria a sensação mais clara do absoluto fracasso.
campanula
embora seja tudo impermanente
teu coração é eterno, sim, camarada
& quem sou eu
pra te dizer o contrário?
& quem lhe disse que estou aqui pra isso?
eu? eu?
ainda mais eu
eu que não conheço nada
eu nunca me encontrei
eu que busquei a vida toda e não achei nada
sem ganho nenhum ganho
(você já viu a flor-de-sino?)
eu, que não conheço nenhuma verdade
rinzai-anhangá
Cultura de paz mental são milênios de prática de sentar com a própria mente e o vazio. Civilizações e culturas baseadas nessa prática. Jamais, jamais uma característica específica que um povo, uma "raça", etnia, teria desenvolvido como algum tipo de "vantagem", de forma "natural".
Sentar com o silêncio é um bom começo. Porque paz mental não é calma como pensa o idiota (patológico?) com mania de inferioridade, que precisa sair correndo para mostrar que tem o que, paranóico, suspeita que disseram que ele não tem.
Zen NÃO é calma (os bodhisattvas já estão bem putos e cansados de repetir). Zen não é calma, como dita o clichê carregado de preconceitos (e normalizado no ocidente).
Como já disseram: muito calmos caminham os bois para o abate. A não ser o mais espertos, que berram a plenos pulmões.
Os Budas furiosos não têm paciência nenhuma com criançolas afetadas. Rinzai segue descendo a caralha.
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Ps: "zen" é uma corruptela do japonês "zenna", que deriva da palavra chinesa "channa", que por sua vez deriva do sânscrito "dhyana". É possível dizer que a prática da meditação sentada foi sempre uma aquisição estrangeira. Não é possível dizer qual povo a iniciou, pois é muito antiga, superando a capacidade de nossa datação arqueológica. Encontram-se imagens, representações de pessoas sentadas em meditação em resquícios históricos de quase todos os povos, mas foi no oriente que, até hoje, mais se desenvolveu.