terça-feira, 22 de julho de 2025


 

O nível mais baixo de inteligência e completa insensibilidade em tempos contemporâneos é o que concebe que a boa vida seja apenas estar apto a consumir. A escravidão contemporânea. Viver para consumir, não para se aperfeiçoar como pessoa, ter a curiosidade de aprender o que ainda não se aprendeu, entender, compreender o que ainda não havia compreendido. 

Não existe riqueza maior do que possuir tempo para si mesmo. Trabalhar apenas para poder consumir é se animalizar de uma das piores formas possíveis. Alguém verdadeiramente rico é quem possui tempo de sobra. Inclusive para fazer absolutamente nada (de onde, aliás, ao menos para os orientais antigos, poderia nascer algo chamado sabedoria). A escravidão contemporânea imposta é trabalhar para poder consumir "infinitamente". A cenoura na vara de pescar que move a mula iludida. 

Poucos hábitos me parecem mais completamente idiotas do que o costume norte-americano de sair para fazer compras. Obviamente todos queremos algum conforto. Mas depois de ter todo o básico necessário, algumas pequenas regalias (por que não?), ainda assim sair para comprar mais, como se isso fosse algum tipo de entretenimento? O que será que se está tentando preencher com esse hábito? Que mente mais animalizada, sem curiosidade e insensível se regozijaria mais em chafurdar em consumismo vazio?  

Teria a mais absoluta certeza nesta vida do total fracasso como ser humano (capaz de racionalidade) se parasse por um momento e me visse inserido em tal circuito. Como um rato, mais um, apenas mais um, alimentando a máquina da guerra, do preconceito, da intolerância... Completamente inconsciente, feliz, satisfeito, indiferente e brutalmente idiotizado. Nas ruas junto às demais formigas hipnotizadas, sorridente, fazendo propaganda da Zumbilândia. Enquanto o planeta é devastado, crianças são assassinadas em guerras estúpidas, passeio distraído, como mais um dos imbecis colaboradores que alimentam toda a estrutura.
Nada nesta vida me daria a sensação mais clara do absoluto fracasso.