quarta-feira, 8 de janeiro de 2025





Bastante satisfeito com a felicidade coletiva gerada pela vitória do Globo de Ouro por Fernanda Torres, uma das maiores atrizes que o país já produziu. Ela que também atuou em "O que é isso, companheiro".

A película transmite muito bem a atmosfera e sensações do que foi o período completamente nefasto da ditadura empresarial-militar, mesmo que apenas do ponto de vista de uma família abastada. Retrata o tipo de coisa que aconteceu com muitas pessoas à época. Tempos de horrores, cujos agentes nunca foram punidos, e que alguns clamam que retornem. E infelizmente os mecanismos de embuste para que algo assim seja possível já estão sendo instalados novamente. Um  exemplo: mister M. Zuckerberg em seu anúncio de que sua plataforma de mídia social não terá qualquer filtro para conter espalhamento de notícias falsas em massa. Tudo em nome da falácia que chamou de "liberdade de expressão", que na verdade significa esconder fatos, esconder a história e dar livre circulação a mentiras (da mesma maneira como antes e ainda hoje escondem cadáveres). Tudo por dinheiro e poder, as velhas pautas preponderantes de nosso sistema. Num contexto assim, obras como a baseada no livro de Marcelo Rubens Paiva, ganham ainda mais importância.

"Ainda estou aqui" é um filme muito bom, indicadíssimo para quem quer começar a entender o que de fato foi o período que fez parte do que gerou os nossos tempos atuais. Suas conquistas são também algo que beneficia o combate às atrocidades impunes cometidas no passado, que sinalizam cada vez mais quererem retornar com toda força. Mostra como viver no Brasil com consciência de nossa realidade, ao contrário de outras pessoas amortecidas e/ou vis, segue sendo um conjunto de lutas necessárias, entre elas a batalha perene pela memória.